Uma movimentação diferente confundiu, assustou e indignou muita gente que passava pela Praça Generoso Marques (em frente ao Paço Municipal), na manhã desta terça-feira (31). Embora houvesse a presença de militares andando “armados” pelo local, o acontecimento não estava ligado a nenhuma tragédia, mas sim à peça “Intervenção Militar Já!”, do Festival de Teatro de Curitiba.
A peça buscou na ambiguidade da palavra intervenção o sentido para a performance dos artistas, gerando um confronto do termo em seu significado artístico e político.
“Esse pedido de volta de intervenção militar é a influência disso tudo”, comentou a diretora do ato, Lúcia Helena Martins, do coletivo Salmonela Urbana Cia Performática. “Quem passar por aqui e parar um pouco e ver vai refletir sobre o que foi a ditadura. Pelo que a gente vê, parece que as pessoas não sabem o que realmente ela foi”, complementa.
A peça
Em a “Intervenção Militar Já!”, seis artistas incorporaram os símbolos do período ditatorial. Dois deles representavam militares, que reprimiam a atividade dos demais personagens, censurados e torturados. A estreia da peça no festival acontece no dia em que o Golpe Militar no Brasil completa 51 anos.
Uma jovem caída sobre o chão e amarrada a uma cadeira foi a cena que mais impactou os transeuntes que passavam pelo local. Subitamente, muitos paravam para contemplar a imagem. Tudo muito rápido para não comprometer o horário.
Quem parecia não entender, balançava a cabeça num sinal de reprovação e seguia viagem, provavelmente, já absorto em outros pensamentos.
Aproveitando o raro sol de uma manhã de outono em Curitiba, cerca de 15 pessoas – a maioria idosos -, sentadas nos bancos ao redor da praça, ignorava o sentido dos acontecimentos.
“É bom isso que eles estão fazendo. A volta da ditadura seria boa porque, pelo menos, evitaria toda essa roubalheira aqui”, disse Antônio Vaz de Souza, de 65 anos, que acompanhava a peça.
Logo depois, um rapaz olha a intervenção e comenta para si próprio: “Não apoio as Forças Armadas nem a pau”. Assim como os demais, não continua a acompanhar e segue seu caminho em direção ao Mercado das Flores.
Uma das mulheres que descansa na praça se assusta ao ver um dos atores vestido de militar puxar o cabelo de um suposto cantor, também ator. “Isso é verdade? Estou assustada. Olha lá o jeito que ele ergue o pescoço do rapaz com a arma”. Depois de ser informada que o que ela estava vendo era apenas uma encenação, Sueli de Lima, descontrai os músculos do ombro e sorri. “Ainda bem. Se fosse verdade que a ditadura tinha voltado, acho que seria um inferno”.
“Intervenção Militar Já!” tem novas apresentações marcadas para esta quarta-feira (1), às 17 horas, na Praça de Bolso do Ciclista e também na quinta-feira (2), às 13 horas, na Praça Santos Andrade.
Governistas querem agora regular as bets após ignorar riscos na ânsia de arrecadar
Como surgiram as “novas” preocupações com as bets no Brasil; ouça o podcast
X bloqueado deixa cristãos sem alternativa contra viés woke nas redes
Cobrança de multa por uso do X pode incluir bloqueio de conta bancária e penhora de bens