Rodeado por bandas formadas por garotos mal saídos da adolescência, que apesar da pouca experiência, até conseguem impressionar graças a composições atuais e cheias de vigor, o atualmente trio Queens of the Stone Age, liderado pelo gênio perturbado de Josh Homme, parece um tanto deslocado em meio à tal explosão de hormônios.
A dificuldade de encaixá-los em um gênero musical determinado não é só indie, nem somente nu metal, muito menos apenas stoner rock apesar de fazer com que os menos familiarizados com propostas originais torçam o nariz para as canções da banda (que além de Homme, conta ainda com o guitarrista/baixista Trey Van Leeuwen e o baterista Joey Castillo), dá ao grupo a vantagem de permanecer em uma galeria exclusiva do rock atual, uma verdadeira façanha diante da velocidade com que tendências vêm surgindo e se apagando a cada seis meses.
E o Queens of the Stone Age se aproveita do fator "outsider" da melhor maneira possível, ou seja, não ousando experimentar ou soar estranho, diferente. Prova disso é o recém-lançado Era Vulgaris, quinto álbum da discografia da banda que, cada vez mais soa como uma empreitada solitária de Josh Homme em seu Rancho de La Luna (estúdio montado pelo compositor, guitarrista e vocalista, em meio a um deserto no interior da Califórnia).
Ao vivo, Homme comanda com olhares minuciosos as performances das canções do novo álbum a reportagem do Caderno G pôde conferir o novo show do QOTSA durante o festival dinamarquês de Roskilde , que funcionam cada uma a sua maneira.
A faixa de abertura, "Turnin on the Screw", possivelmente a mais acessível de Era Vulgaris, traz as já típicas camadas de guitarras pesadas, mescladas a uma bateria de ritmo marcado com elementos eletrônicos e uma linha vocal, que apesar de simples e repetitiva, é capaz de grudar no canto mais escondido da memória, vindo e voltando sem avisar.
Em seguida, "Sick, Sick, Sick", faixa de lançamento do álbum que conta com participação de Julian Casablancas (The Strokes) nos vocais, é de uma sonoridade tão suja, que beira o metal industrial de nomes como Ministry e Big Black. A auto-ironia é a marca da excelente "Im Deisgner". De andamento um tanto esquizofrênico a canção surpreende por versos como "minha geração não confia em ninguém/é difícil culpar/a nós mesmos/coisas reais para nós são apenas : Fama e Fortuna/todo o resto parece trabalho/assim como diamantes/na m*", cantados por Homme em tom de deboche e seguidos por um refrão opostamente melódico, porém não menos sarcástico: "é claramente uma mentira/e eu forjo a mim mesmo".
Para os mais saudosos dos climas presentes em Songs for the Deaf (2002), uma boa pedida é ótima "Into the Hollow", em que Homme prova, além de ser um dos mais criativos compositores de sua geração, dono de uma das grandes vozes de seu tempo, posto que divide com o colega Mark Lanegan (ex-Screaming Trees), que também participa de Era Vulgaris na faixa "River on the Road".
No mais, os novo disco de Homme e companhia traz ainda a regravação de uma faixa de um dos projetos Desert Sessions, mais especificamente o gravado ao lado da inglesa PJ Harvey, que faz muita falta na envolvente e radiofônica "Make It wit Chu". Sem falar nos momentos em que o nível de experimentalismo esbarra no limite vulgar da compreensão, como em "Battery Acid" e "Run Pig Run". GGGG
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