O show da noite da última segunda-feira no Teatro da Reitoria era para ser uma apresentação bastante simples: Ivan Vilela com a viola mais o violão de Dante e a voz de Ná Ozzetti tocando um repertório que iria de canções autorais a sucessos de Lennon e McCartney. Por isso mesmo, tinha um ar despretensioso, de obra em progresso, pouco elaborada em comparação com o espetáculo completo que músicos do gabarito dos que estavam no palco poderiam proporcionar.
Mas, embora o trio não tenha exibido a sua melhor performance, a qualidade fora de questão das ótimas composições de Dante com José Miguel Wisnik e Luiz Tatit (como "As Estações"), da bela voz de Ná e dos inteligentes arranjos de Vilela estavam lá para fazer valer o show. O maior problema foram os muitos obstáculos a se vencer para chegar à música.
Ou melhor: foi como se o som estivesse abafado pela massa de calor e ruído da plateia que praticamente lotou os 700 lugares do teatro e não conseguisse chegar às últimas fileiras. Sem climatização, o lugar ficou quente, muito quente, o que deixou o público agitado, abanando panfletos ou guias de programação para aliviar o clima de panela de pressão e aguentar até o fim (o que muitos não conseguiram). O calor também interferiu na performance dos músicos, principalmente na de Vilela. A insistência de pais em levar crianças pequenas e bebês ao teatro completou o cenário.
Após o fechamento desta edição, mais um show aconteceu ontem no Teatro da Reitoria, o que significa que o problema pode ter sido resolvido. Mas, se Gabriele Mirabassi e André Mehmari tiveram que apresentar o seu "Miramari" para um público nas mesmas condições que o de segunda-feira, e o mesmo estiver por acontecer na apresentação do Zimbo Trio (leia mais em nota na capa deste Caderno G) hoje à noite, é importante que os organizadores reconsiderem a escolha do espaço da UFPR para esse tipo de evento.