Neste domingo (28) o James Bar fecha pela última vez as portas do endereço que virou sinônimo de boêmia em Curitiba nas duas últimas décadas. Aberto em 1998, na rua Vicente Machado 894, o James programou festas para celebrar o fim de seu “primeiro ciclo”.
Segundo a empresária Ana Raduy, uma das fundadoras do James, a mudança se deve principalmente a um problema de regularização do terreno do imóvel, algo que sempre foi um imbróglio para os sócios. Pensando positivamente, Ana acredita que o novo imóvel vai permitir o James amplie o perfil de seus eventos. “Vamos poder crescer com uma estrutura mais confortável para nosso público. Além disso, a nova casa tem um grande espaço que vai nos permitir fazer festas diurnas, shows, cinema ao ar livre e várias outras ideias em que já estamos trabalhando”, revela. Os problemas de segurança e o “clima pesado” nas madrugadas da Vicente Machado também apressaram a mudança.
No princípio era indie
Ana lembra que, quando surgiu, o bar era diferente de tudo o que existia em Curitiba. “Em 1998, quando a gente abriu não tinha nada igual. Era um bar totalmente focado na subcultura do rock alternativo”, explica. Do bar de música alternativa à casa noturna libertária que fecha as portas, o James mudou bastante com o passar dos anos. A única coisa que não mudou e será levada ao novo endereço foi o compromisso com a música. “O pilar sempre foi a música de qualidade. Mesmo quando abrimos para o pop, a gente sempre teve o pudor de que fosse o melhor pop possível”.
Segundo Ana, o processo que transformou a casa em clube noturno foi “lento e orgânico”. “Começamos com uma festa por mês. Depois, a pessoas queriam uma por semana”, lembra. As primeiras gigs não tinham muita estrutura. “A gente fechava as portas, puxava uma cortina e empurrava as mesas. A noite começava como bar e se tornava uma balada espontânea”. No início dos anos 2000, o James assumiu uma outra identidade. Um clube noturno, aberto a vários tipos de música, com drinks como o forte do cardápio.
Para Ana, a capacidade de se adaptar às mudanças culturais foi o a maior contribuição do James em suas duas décadas de boemia. “Fomos um dos primeiros lugares que o público LGBT começou a frequentar fora do circuito de casas especializadas. Foi lindo. As pessoas começaram a perceber que tinham liberdade de vir ao James e simplesmente ser quem eram”, diz.
Para Ana, não há melhor maneira de comemorar do que com uma grande festa, chamada de “reunião dos dinossauros fundadores na última balada”. “Vamos lembrar dos sons, dos momentos e de todas as pessoas que nos acompanham desde aquele tempo”..
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