Janaina conta com várias colaborações em seu disco de estreia| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Tudo começou com um não. Depois vieram muitos sins.

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Após uma inexplicável decisão do júri de mecenato da Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba, que recusou o projeto para a gravação de seu álbum de estreia, a cantora Janaina Fellini , apoiada por amigos e admiradores, decidiu levar em frente a proposta de forma independente, ou melhor, de forma dependente dos mesmos amigos e admiradores que sabiam do potencial do projeto.

Formou-se em torno da artista uma espécie de coletivo de músicos, produtores e outros apoiadores que começava pela própria mãe, que arregaçou as mangas, e aglutinava outras pessoas de diferentes áreas, para preparação vocal e corporal, fotografia, enfim, "incalculáveis parcerias", como diz a cantora. Disco gravado, ela traduz o resultado em números que, neste caso, não são frios: "2.016 palavras, 11 empresas, 38 instrumentos, 72 pessoas, 144 mãos, 2.880 dedos, 10 músicos, 15 compositores, 12 músicas e 100% independente".

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Os músicos que se fizeram presentes (pela qualidade deles são um presente para qualquer projeto) foram Dú Gomide (guitarras), Glauco Sölter (contrabaixo), Alonso Figueroa (teclados e programação), Gabriel Alterio e Denis Mariano (bateria), além das participações de Seu Zeba, Sergio Coelho, Fernando Lobo, Sergio Freire e Bernardo Bravo. Todos os arranjos foram feitos coletivamente.

Com tanta colaboração, Janaina se faz modesta: "Não falemos de Janaina. É uma quantidade absurda de pessoas trabalhando comigo, tanto na parte musical, quanto estrutural, dos clipes, de produção e de divulgação. É mesmo muita gente se doando. Os mais incríveis, pra mim, são os músicos, e veja, o trabalho sai todo em meu nome, sendo que eles trabalham tanto quanto, doam o seu talento e nesse caso, abrem mão da vaidade".

Essa disponibilidade e solidariedade é algo que vem ocorrendo na cultura curitibana em todas as áreas, mas principalmente na música, com bons resultados. "Curitiba vive um bom momento e nós conseguimos nos abraçar e assim gerar possibilidades de mobilização no qual cada um consegue se movimentar graças a uma mão estendida pelo outro e assim sucessivamente", afirma a artista.

No disco de estreia há também a primeira composição da cantora, uma parceria com Estrela Leminski ("Na Roda da Saia Vermelha"). Há outras três do mais constante colaborador, o multi-instrumentista Dú Gomide ("Tem Pena, Vento", "Oiá" e "Deserto de Algodão"), e também comparecem Alice Ruiz e Itamar Assumpção ("Sei dos Caminhos"), Carlinhos Brown ("Argila"), Félix Bravo ("Estrela de Brilhar"), Junio Barreto ("Se Vê Que Vai Cair, Deita de Vez"), Kiko Dinucci e Douglas Germano ("Cio"), Kleber Albuquerque e Rafael Altério ("Logradouro"), Fernando Lobo ("Tesouro do Céu") e novamente Alice Ruiz e Estrela Leminski, em parceria com Téo Ruiz e Flávio Alves em "Elo".

O CD físico será lançado em show no Teatro do Paiol, em outubro. Até lá, a cada terça-feira, uma música nova será liberada para download pelo site A Musicoteca (www.amusicoteca.com.br). Até agora, já foram ­duas canções. Ao meio-dia de ontem, na hora em que eu escrevia esta coluna, a primeira música, "Deserto de Algodão", já havia sido baixada 1.153 vezes.

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O canto solitário da sereia já é um perigo. Se ela se cerca por excelentes músicos, então, o que fazer? Resta capitular, nos entregar ao irresistível prazer, viajar encantados pelo som da sereia e seus elfos.

Pizzicato

* Na sexta-feira, tem show no Teatro do Paiol da Lemoskine, banda de Rodrigo Lemos, para lançamento oficial do disco Toda Casa Crua.

* No sábado, no Teatro Positivo, o cantor Zé Rodrigo grava o seu primeiro Blu-ray, com o show Rock ‘N’ Roll Celebration, que marca os 20 anos de carreira do músico.

* Leo Fressato, o autor de "Oração" (A Banda Mais Bonita da Cidade), e Ana Larousse estão com um projeto juntos para arrecadar dinheiro de forma colaborativa pelo site Catarse-me (catarse.me/pt/leo+ana) para finalizar seus trabalhos.

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* O filme Curitiba Zero Grau, de Eloi Pires Ferreira, está nos deliciando nos cinemas não só pelas belas imagens, pela história bem amarrada e pelas boas atuações. A música, quase toda curitibana, também é um deleite.