Hollywood está em clima religioso cristão, redescobrindo que épicos bíblicos podem representar uma bênção nas bilheterias. Em "Jesus - A história do nascimento", vemos o primeiro filme inteligente e artística e espiritualmente satisfatório a emergir dessa tendência.
A história já conhecida é apresentada como narrativa de aventura histórica, cuidadosamente precisa, que retrata o mundo da época do nascimento de Jesus com verossimilhança excitante, que faz o espectador sentir que está vivendo naquele tempo e lugar.
A jovem Keisha Castle-Hughes (indicada ao Oscar por sua atuação em "Encantadora de baleias") representa não tanto a Virgem Maria, mas uma jovem cheia de coragem e garra nascida de uma família honrada, mas pobre de Nazaré, que enfrenta milagres e dificuldades enormes com bravura. Quando um diáfano Arcanjo Gabriel aparece em cena, fica claro que estamos no reino da mitologia. Mas o filme, escrito por Mike Rich e dirigido por Catherine Hardwicke, se atém, com a maior fidelidade possível, ao relato realista do nascimento do menino Jesus.
Os fiéis vão comparecer em massa aos cinemas para assistir a essa história bem narrada, mas também há lugar nela para os não crentes que apreciam uma boa história bem contada. Como a maioria dos filmes "natalinos" hoje em dia fala de mesquinharias - é o caso, por exemplo, de "Um natal brilhante" -, "Jesus - A história..." traz um toque renovador.
Hardwicke já dirigiu o drama adolescente sombrio "Aos treze" e o filme sobre skate "Os Reis de Dogtown". Nenhum dos dois nos preparou para vê-la seguir os passos de Cecil B. DeMille. Mas ela o faz com sensibilidade e autoconfiança notáveis.
Ela e Mike Rich afastam quaisquer temores que pudessem ter sobre reapresentar uma história de escola dominical e, em lugar disso, se concentram no drama inerente a um épico sobre sacrifício e destino.
A Terra Santa na época do nascimento de Jesus era um lugar temível, ocupado por soldados romanos arrogantes comandados pelo rei Herodes. O rei treme de medo da profecia, contida no Velho Testamento, sobre a chegada de um messias que vai derrubá-lo do trono. Seu medo é tanto que ele ordena o assassinato de todos as crianças de menos de 2 anos do sexo masculino na cidade de Belém.
A narrativa volta um ano atrás no tempo para explicar essa ação drástica. Em Nazaré, cidade cujos habitantes são acossados pelos coletores de impostos do rei, a necessidade econômica obriga Anna (Hiam Abbass) e Joaquim (Shaun Toub) a arranjar o casamento de sua filha, Maria (Keisha Castle-Hughes) com um "bom homem" chamado José (Oscar Isaac).
Preocupada com a notícia, Maria se afasta e vai a um bosque de oliveiras, onde o anjo Gabriel (Alexander Siddig) aparece para ela e lhe diz que o Espírito Santo lhe fará ter um filho ao qual ela deve dar o nome de Jesus e que será o salvador da humanidade.
Ela acaba colocando seu marido recém-casado diante de um dilema moral. Ninguém na cidade, nem mesmo seus pais, acredita em sua história sobre anjos e concepção. Sob muitos aspectos, é José o verdadeiro herói dessa história - um homem que aceita estoicamente ser visto por muitos como marido traído. Alguns dos melhores trechos do filme mostram a evolução de sua consciência espiritual no seu papel.
O filme presta atenção minuciosa a detalhes. O mundo da antiguidade - com suas vestimentas longas, casas de pedra, vilarejos distantes uns dos outros e imensos desertos áridos - têm cores de terra, harmoniosas, que, na direção fotográfica sutil de Elliot Davis, constituem um deleite para os olhos.
As locações em que o filme foi rodado - Matera, na Itália, Marrocos e Israel - oferecem visuais surpreendentes, e o designer de produção Stefano Maria Ortolani faz o mundo bíblico ganhar vida vibrante. Os estábulos são lugares apertados e imundos; a travessia de um rio convida ao desastre, os reis magos cansam de sua viagem, e a traição está à espreita por toda parte. A música de Mychael Danna não se sobrepõe às emoções, mas as ressalta.
Centrão não quer Bolsonaro, mas terá que negociar com ex-presidente por apoio em 2026
“Por enquanto, eu sou candidato”, diz Bolsonaro ao descartar Tarcísio para presidente
Ucrânia aceita proposta dos EUA de 30 dias de trégua na guerra. Ajuda militar é retomada
Frei Gilson: fenômeno das redes sociais virou alvo da esquerda; ouça o podcast