Desde que estourou, em 2001, com seu primeiro álbum de estúdio, Room for Squares, John Mayer tornou-se o queridinho da crítica norte-americana mainstream e dos "descolados" frequentadores da rede de cafés Starbucks, também ávidos ouvintes de artistas como Norah Jones e da banda Mumford and Sons.
Embora fique a anos-luz da densidade e do engajamento de seus conterrâneos Bruce Springsteen e Bob Dylan, ou do canadense Neil Young, com esses veteranos, todos seus ídolos, Mayer compartilha alguns traços reconhecíveis. Sabe misturar competência elementos do rock, blues e folk e, provavelmente, por isso tenha conquistado uma parte dos fãs desses artistas. Tanto que ele foi escolhido, junto ao novato Philip Phillips, para abrir o show do The Boss (apelido de Springsteen) no último Rock in Rio.
Às vésperas de completar 36 anos, Mayer passou recentemente por uma crise, que se desdobrou em vários planos de sua vida. Quase perdeu a voz, e teve de passar por duas cirurgias nas cordas vocais, e, por conta da exposição pessoal excessiva nos meios de comunicação, e a entrevistas em que falou mais do que devia, acabou conquistando uma certa imagem indesejável de cafajeste. Muito por conta de sua movimentada, e por vezes atribulada, vida amorosa: ele namorou, nos últimos anos, a atriz Jennifer Aniston, a jovem cantora country Taylor Swift e a popstar Katy Perry.
Introspectiva
Ao se dar conta que estava metendo os pés pelas mãos, Mayer se recolheu. Dessa fase mais introspectiva, nasceram o seu penúltimo álbum, Born and Raised, lançado no ano passado, e o mais recente, Paradise Valley, que acaba de chegar às lojas. Em ambos, produzidos por Don Was, o artista se distancia do formato pop mais evidente, de versos radiofônicos e grudentos, como "Daughters", "Your Body Is a Wonderland" e "Say", e mergulha na música de raiz norte-americana, de ritmos como o country e o folk. Essa opção acaba sendo uma faca de dois gumes.
O irônico é perceber que, quando se esforça demais em assumir uma nova faceta, Mayer parece um pouco sem rumo, deslocado, e, na medida em que reaproxima um pouco do pop, acerta em cheio, como na canção "Who You Love", adorável dueto com sua ex-namorada, Katy Perry. O artista também faz bonito no cover de "Call Me the Breeze", música escrita por J. J. Cale, mestre do blues que morreu em julho passado, pouco antes do lançamento de Paradise Valley.
Mais leve do que Born and Raised, esse novo disco é superior e oferece um John Mayer mais à vontade com as novas referências. E até mesmo com seu passado recente: em "Paper Doll" (boneca de papel, em português), primeiro single do disco, Mayer ironiza a figura de Taylor Swift. Ela o xingou em "Dear John" e ele responde: "Você é como 22 garotas em uma/ Nenhuma delas sabe do que está está fugindo". GGG
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