A música do compositor norte americano Johnny Cash (1932-2003) foi, desde o começo do Matanza, em 1996, uma inspiração para o quarteto carioca, conhecido pela mistura do country com hardcore. Este ano chegou a hora de homenagear o ídolo, realizando um projeto sonhado há anos, e o resultado é To Hell With Johnny Cash. Lançado pela Deck Discos, é o terceiro registro da carreira de Jimmy (voz), Donida (guitarra), China (baixo) e Fausto (bateria), com 13 faixas do mestre, transformadas pela postura ensandecida da banda.

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A grande novidade, no entanto, está na mídia: um CD que de um lado toca música e no outro é DVD, pela primeira vez usado em território nacional. O Dualdisc é uma mídia nova – já experimentada por David Bowie, Bruce Springstein e Nine Inch Nails. O Matanza e a Deck prensaram To Hell na Alemanha e Jimmy garante que o custo é um atrativo. "Um CD e um DVD juntos, aqui, têm sido cobrados, em torno de R$ 70. Nosso disco está a R$ 35 e poderia estar sendo vendido a R$ 30, se não fosse uma certa ganância do mercado", diz o vocalista por telefone, esclarecendo, no entanto, que a gravadora não repassou todo o custo para o preço final. "Mesmo assim, vale a pena".

A idéia original de gravar Cash, conta Jimmy, era de lançar quatro vinis, cada um com quatro músicas. Quando Deck quis um disco novo, mas o grupo ainda não tinha uma produção fechada que quisesse registrar, a vontade veio à tona outra vez, e ainda mais forte. Todo o trabalho foi registrado, gerando um documentário, com entrevistas sobre as razões da homenagem e alguns clipes.

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"Foi um processo crescente, tinha alguém filmando tudo e, quando vimos, havia todo esse material disponível. Aí o João Augusto (presidente da Deck Discos) tinha acabado de voltar de uma feira de produtos e veio com essa novidade de CD e DVD juntos", lembra o músico. "Não quisemos dar uma de burro, nem ficar cético diante de algo novo e, quem sabe, fantástico. Então resolvemos ver qual era e a coisa fluiu muito bem", conta o vocalista.

Os motes das músicas do Matanza vivem no mundo de machões briguentos, bebedeiras e, é claro, mulheres. Letras cheias de sarcasmo, politicamente incorretas e nem sempre agradáveis com o sexo feminino, foram marcas dos discos anteriores – Santa Madre Cassino (2000) e Música para Beber e Brigar (2003) – e ajudaram a construir a fama do grupo, que se fez no circuito de shows do independente, mas nunca quis ser underground. Neste trabalho, o resultado, ao mesmo tempo, preserva o compositor original e imprime o estilo Matanza – que, por incrível que pareça conseguiu dar um tom mais suave à sua música. O disco tem sido reconhecido como o melhor trabalho dos cariocas até agora.

A relação com a Deck, diz Jimmy, é muito boa e a banda continua acompanhando todas as fases criação de um novo lançamento. Agora, é a etapa dos shows. Antes de um novo trabalho com canções inéditas, deve sair o DVD MTV Apresenta, ainda não gravado, mas já tido como certo.

Serviço: www.matanza.com.br