A jornada vivida por crianças moradoras da Serra do Mar para conseguir estudar é tema do documentário Caminho da Escola Paraná, de Heloísa Passos, que será lançado hoje à noite no Museu Oscar Niemeyer. Um dos projetos de telefilme selecionados pelo 1.º Edital de Cinema e Vídeo do Governo do Paraná (lançado no fim de 2004), a produção é o terceiro trabalho da fotógrafa curitibana na direção, depois dos curtas-metragens Do Tempo Que Eu Comia Pipoca (ficção) e Viva Volta (documentário premiado).
Segundo Heloísa, a inspiração para Caminho da Escola Paraná veio do documentário francês Ser e Ter, de Nicolas Philibert, que trata de questões educacionais. O foco escolhido pela diretora para seu filme foi a dificuldade de acesso à escola. Em meio à pesquisa de localidades do Paraná, ela teve conhecimento da Colônia Castelhanos, uma vila incrustada na Serra do Mar, onde as famílias vivem do plantio de bananas. Na região, há apenas um telefone público, duas igrejas e uma escola de ensino básico, de 1.ª a 4.ª série. "Para estudar, as crianças pequenas vão a pé até um ponto, onde pegam uma Kombi e vão para a escola da comunidade. As da 5.ª série em diante têm de acordar bem cedo, andar um bocado para pegar um ônibus escolar e chegar em escolas da periferia de São José dos Pinhais", revela.
Segundo a diretora, existem 14 milhões de crianças na mesma situação no Brasil, fazendo trajetos difíceis para poder estudar. Por isso, ela tem intenção de se estender no tema por meio de um longa-metragem. "Já temos um projeto aprovado nas leis federais. Vamos selecionar uma nova localidade no Paraná, outra no Acre, que é muito pouco filmado, e a última em um estado ainda a ser definido. Mas procuramos uma ilha, onde as crianças têm de pegar barco para estudar", informa.
O documentário Caminho da Escola Paraná foi negociado recentemente com o Canal Futura, no qual deverá permanecer na grade de programação por um ano, com 24 exibições previstas.
Ainda nesta semana, Heloísa Passos segue para Nova Iorque para participar da finalização do documentário Manda Bala, do americano Jason Kohn, filme selecionado para a edição 2007 do prestigiado Festival de Sundance (EUA) a curitibana atuou como diretora de fotografia e câmera da produção.
Manda Bala foi realizado em São Paulo e aborda a caótica questão da segurança na maior cidade brasileira. Segundo Heloísa, Kohn (nova-iorquino, filho de mãe brasileira) centrou o documentário no grande número de seqüestros na capital paulista. "Conseguimos vários depoimentos, incluindo os de uma seqüestrada, de um seqüestrador e de um policial. Filmamos várias situações na cidade, como uma perseguição policial no bairro de Interlagos, para mostrar como a situação tensa está em São Paulo", continua a fotógrafa.
Outro filme em que Heloísa trabalha como diretora de fotografia é o documentário KFZ-1348, um dos vencedores do programa Documenta Brasil (parceria do Ministério da Cultura e do SBT), que está sendo realizado atualmente pelos jovens diretores pernambucanos Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso. "KFZ-1348 é o número da placa de um Fusca. O filme conta a história do carro desde seu primeiro proprietário até o último, traçando um paralelo da situação do país de 1965 até 2007", explica a curitibana.
Heloísa Passos prepara o projeto de um novo documentário para concorrer no próximo edital estadual. Ela tem ainda um argumento de uma ficção, que pretende passar para um roteirista elaborar um telefilme ou longa-metragem, outra proposta a ser inscrita no edital.
Serviço: Caminho da Escola Paraná, documentário de Heloísa Passos. MON (R. Mal. Hermes, 999). Hoje, às 20 horas. Entrada franca.
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