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"Boa noite, pessoal! Mais ânimo! É a maratona O Hobbit! Boa noite!", pediu um funcionário do Imax na noite do último sábado, antes da exibição de Uma Jornada Inesperada e A Desolação de Smaug, os dois primeiros filmes da série O Hobbit.

A ideia era esquentar os fãs da Terra Média para a estreia de O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos, prevista para a próxima quinta-feira. Tudo ia bem depois dos avisos e dos sorteios de ingressos para o terceiro filme: um garoto com a camiseta do Lynyrd Skynyrd chegava tranquilamente. Outra moça com um gorrinho escrito "Diamond" se refestelava na poltrona do gargarejo; um casal detonava a pipoca pequena, de R$ 9 ("o senhor não quer levar a grande por R$ 10?," perguntam os atendentes automaticamente) mesmo antes do início do filme; e um rapaz de óculos desafiava a hierarquia dos RPGS ao zanzar pela sala com uma camiseta justíssima em que se lia: "Game of Thrones."

Às 19h17, um BOOM estrondoso fez soar os 14 mil watts de potência e brilhar a tela de 300m2. Começava a jornada inesperada, literalmente. Bilbo, Gandalf, Thorin, Balin, Dwalin, Fili, Kili, Bifur, Bofur, Bombur, Óin e Glóin se viravam na primeira batalha, com os Trolls que haviam roubado quatro dos cavalos da turma de aventureiros. A passagem é conhecida: Bilbo enrola os gigantescos e estúpidos monstros até que o primeiro raio de sol os atinja, transformando-os em pedra instantaneamente – em uma cena do filme A Sociedade do Anel é possível ver os Trolls em forma de rocha pura. ÀS 20h28, a legenda falhou. "Aeeeeeeeee!", gritaram, ao fundo. Um funcionário entra na sala.

"É só para avisar que acendemos a luz porque deu um problema com a legenda." "Jura?", pergunta uma senhora ao fundo. Risos. Dez minutos e nada. Celulares vão às mãos: joguinhos, Facebook. Há quem resista. "Vamos interagir, larga o celular aí", disse a moça sentada a duas poltronas à minha direita. Vinte minutos e as especulações começam.

- O que pode ter acontecido?- E aí, vão devolver o dinheiro?- Acabou a maratona então?

Um rapaz tentava explicar a situação aos mais aflitos, dizendo que, quando o filme é legendado, ele chega num pen drive, e aí tudo pode acontecer. "Se deu pau no projetor, tem 5 minutos para ele ligar e desligar de novo," disse, ao que sua esposa completou. "Então dá para fazer xixi tranquilamente."

BOOM! O som explodiu novamente, e brilhou uma tela rosa e verde, psicodélica. A imagem era do início do filme. Vaias. Trinta minutos e nada. Ao lado, um rapaz lia notícias no celular. "Mano Menezes confirma saída do Corinthians após vitória," enquanto no fundo da sala os ânimos se alteravam. "Paguei R$ 35 pra ver um filme dar pau?!".

Às 21h02, a imagem reaparece. E some. Às 21h07 uma nova tentativa. Mas as legendas falham no mesmo instante. "Seria melhor ter ido ver o filme do Pelé", sintetiza um rapaz, com timing invejável.

Problema insolúvel

De acordo com Josimara Sambatti, sub-gerente do Imax Palladium, o que houve foi uma falha no pacote de legendas, que chegou corrompida da distribuidora Warner. "Tentamos um novo pacote, via conexão remota, mas não tem como. O contato está difícil, hoje é sábado," explicou. "Infelizmente isso aconteceu."

Depois de muita confusão, ameaça de processos e algumas piadas, ficou decidido que: 1) quem saísse naquele momento, sem assistir a nenhum dos filmes, teria direito à devolução do valor do ingresso (R$ 35), além de uma cortesia para qualquer filme, incluindo O Hobbit 3 "se houver lugar disponível." Ou 2) quem ficasse para a sessão de A Desolação de Smaug teria direito somente à cortesia. "E quem paga meu estacionamento?", bradavam alguns dos 212 aventureiros frustrados.

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