SERVIÇO
Teatro Falec (R. Mateus Leme, 990) (41) 3352-2685. Estreia dia 20. 5ª a sáb. às 20h e dom. às 18h e 20h. Até 22 de março. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa: 12 anos.
Oito anos após a morte de Ingmar Bergman (1918-2007), sua obra cinematográfica ainda é inspiração para diversos espetáculos de teatro no país. Só na mostra oficial do Festival deste ano serão duas atrações, Através de um Espelho e Depois do Ensaio. Antes disso, estreia nesta sexta-feira (20), no Teatro Falec, O Declínio do Capital Amoroso Enquanto Sarabanda , que reúne um grupo de artistas em sua maioria bastante jovens.
O texto foi construído a partir de quatro dos 51 títulos da filmografia de Bergman: Persona, Vida de Marionetes, Cenas de um Casamento e Sarabanda, seu último lançamento, de 2003.
Mergulhando na estética equilibrada porém profunda dos relacionamentos retratados pelo sueco, o dramaturgo Lucas Komechen criou duas novas histórias. Na primeira, uma senhora de meia idade e uma advogada entram num tenso confronto.
“É tão tenso que, quando chega a segunda parte, dá um alívio”, conta a atriz Ludmila Nascarella, que vive pela primeira vez uma mulher velha e “sinistra”, nas suas palavras. A advogada é interpretada por Carolina Rodrigues.
O segundo capítulo traz as duas atrizes em uma nova trama, com novas personagens. Apesar do tema – a manipulação e absorção da identidade alheia –, surgem traços de comédia, com ligação a Persona.
Feminismo
Mas ainda não acabou: o ponto de ligação entre as duas partes também vem da Escandinávia: Casa de Bonecas, do norueguês Henrik Ibsen. A peça de 1879, em que a protagonista Nora abandona marido e filhos, escandalizou a Europa. Por muito tempo, ela foi usada pelo nascente movimento feminista como um verdadeiro libelo. “É a primeira vez que faço Nora. Sou super militante, e poder trazer Casa de Bonecas como referência de metalinguagem é muito interessante”, contou Ludmila à Gazeta do Povo.
Em Declínio..., as personagens vão ao teatro assistir à uma encenação de Casa de Bonecas. A atriz do espetáculo, Irina, abandona o métier quando tem uma filha. No hospital, conhece a enfermeira que no futuro irá vampirizar sua personalidade.
“As histórias se fundem quando ela vai se apropriando da vida de Irina. Isso é bem Bergman”, sentencia Ludmila. A diretora Cris Betina Schlemer acredita que a peça fale sobre ter ou não “capital amoroso”, e questiona se vivemos a era de seu declínio.
Para os aspectos cênicos da montagem, ela conta ter se inspirado também na obra de Bergman, especialmente na sonoplastia. “Ele era apaixonado por Bach.” As cores do cenário e do figurino beberam no visual proposto pelo cineasta em seus enquadramentos. Há ainda projeções de vídeos que funcionam como ponto de contraste com o palco.
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