• Carregando...
Além do conceito de guitarras em contraponto, a sonoridade do disco foi concebida a partir dos experimentos de Juçara com a voz | José de Holanda/Divulgação
Além do conceito de guitarras em contraponto, a sonoridade do disco foi concebida a partir dos experimentos de Juçara com a voz| Foto: José de Holanda/Divulgação

Serviço

Juçara Marçal – Lançamento do álbum Encarnado

Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Hoje, às 21 horas. R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Sujeito à lotação.

Depois de acumular um trabalho sólido voltado para o repertório mais tradicional da música brasileira com os grupos Vésper e a Barca, Juçara Marçal ajudou a formar uma espécie de coletivo ao se aproximar de compositores novos da cena paulistana. Foi a partir dele que surgiram projetos como o Metá Metá, que projetou a voz da cantora paulista por volta de 2011 ao lado de Kiko Dinucci e Thiago França, e o premiado Passo Torto, de Dinucci, Rodrigo Campos, Romulo Fróes e Marcelo Cabral.

Naturalmente, o primeiro disco solo de Juçara, lançado em fevereiro, traz marcas da estética própria gerada neste fértil núcleo criativo. Com Dinucci (guitarra), Campos (guitarra e cavaquinho) e Thomas Rohrer (rabeca), Encarnado reúne canções deste grupo e de outros de seus contemporâneos, como Douglas Germano – além de Itamar Assumpção e Tom Zé –, envoltas por uma sonoridade que remete aos experimentos do Passo Torto, com arranjos baseados em frases melódicas de guitarra em contraponto. O trabalho será apresentado em Curitiba pela primeira vez hoje, no Teatro do Paiol.

Juçara explica que a sonoridade foi justamente o ponto de partida de seu álbum. "O Passo Torto é um grupo que admiro muito e que é composto por estes autores que estão mais perto de mim. E a sonoridade dele sempre me chamou muito atenção", conta a artista, em entrevista para a Gazeta do Povo.

A ideia era, assim como em outros de seus projetos ao lado de Dinucci e Campos, ampliar a formação. As duas guitarras, somadas à rabeca de Rohrer, no entanto, prevaleceram. O resultado é uma sonoridade cortante, que usa barulho e distorção como textura, somada a uma densa linha temática não premeditada: a morte.

"Reuni cerca de 30 músicas que gostaria de cantar. À medida que íamos fazendo os arranjos, uma ia puxando a outra. O disco se formou principalmente a partir do trabalho de construção da sonoridade", conta Juçara. "Quando vi, o tema estava ali meio latente", diz.

Os experimentos da cantora com a voz também foram um elemento central. "Estou em uma viagem de explorar outras possibilidades, que vai desde essa voz de quase cochicho, de acalanto, em ‘Canção pra Ninar Oxum’, até à voz próxima do berro em ‘Não Tenha Ódio no Verão’. Os arranjos trazem mais conforto para explorar esses aspectos", explica. "Foi um pouco por aí que se delineou o som do disco, mas nada impede que eu faça outro que terá outra característica principal."

Juçara conta que Encarnado, em meio a tantos outros discos que vêm nascendo neste coletivo – que trabalha de forma independente –, vem encontrando seus espaços e meios de circular. "O fato de um ajudar o projeto do outro contribui para espalhar mais o que estamos fazendo. E o grande incentivador, que tem levado a música a outros lugares, é o fato de lançarmos os discos na internet para download gratuito", conta Juçara. "A pessoa pode baixar o disco inteiro, entende o trabalho e é ‘cooptada’", brinca.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]