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O título de eleitor é importante para que o votante saiba qual é a sua seção eleitoral | Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
O título de eleitor é importante para que o votante saiba qual é a sua seção eleitoral| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Serviço

Confira as informações desta e de outras peças em cartaz em Curitiba e região no Guia Gazeta do Povo

No começo da década de 1990, o multiartista inglês Philip Ridley fez a cena dramatúrgica britânica repensar o que era de fato teatro. O texto e os elementos de The Pitchfork Disney, um jogo fantasmagórico e surrealista, chocou as plateias que não estavam preparadas para encarar temas como o medo e a luta pela sobrevivência (veja o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo).

No Brasil, o diretor Darson Ribeiro foi quem conseguiu encenar o texto quase 20 anos depois da estreia inglesa – a versão nacional Disney Killer entrou em cartaz em São Paulo, em 2011. Após apresentação no Paraná no começo deste ano, no Festival Internacional de Londrina (Filo), o espetáculo chega a Curitiba amanhã para curta temporada no Guairinha.

Até Ribeiro – paranaense natural de Cornélio Procópio e formado na primeira turma de Artes Cênicas da PUC/Teatro Guaíra – conseguir colocar o espetáculo nos palcos, foi uma saga: "Descobri esse texto com uma amiga de Portugal, em 1993. Era uma versão ruim e então comecei um contato direto com Ridley." Diante dos projetos que tocava na época, quando morava no Rio de Janeiro, o diretor trabalhava no texto, "fazia uma leitura aqui e ali", mas as páginas acabavam na gaveta. Em 1995, já com elenco vislumbrado, inscreveu um projeto na Lei Rouanet, que foi aprovado. Entretanto, o diretor não conseguiu captar os recursos. "É uma peça que fala do medo, de um cara que come barata. Não existia sapiência da área de marketing das empresas para entender a proposta."

Mais tempo se passou e o projeto – engavetado, mas nunca esquecido –, foi retomado há dois anos, quando Darson Ribeiro deixou o cargo de diretor artístico do Teatro Bradesco, em São Paulo (onde reside atualmente). "Vi que era a hora de atualizar a peça, arregaçar as mangas e ver no que dava. Retomei o contato com o Philip, coloquei na Lei Municipal de São Paulo e consegui patrocinador de cara", conta. O texto também teve vários palpites de Ridley, que fazia anotações e observações sobre a tradução para o português.

Trama

Na história, os gêmeos Presley e Haley Stray (interpretados por Darson e Juliana Calderón) sobrevivem em uma casa soturna, à base de chocolates e comprimidos para dormir, o que gera um pesadelo constante. A frágil estrutura familiar é rompida pela chegada de Cosmo Disney (Dan Nakagawa), protegido pelo capanga Pitchfork Cavalier, que faz com que os gêmeos embarquem em um "trem fantasma" que trará à tona choques e desejos soterrados. Elementos como a trilha sonora (composta por Dráuzio, da banda GoodChild) e a cenografia do argentino Claudio Hanczyc, do Teatro Colón, ajudam a dar o tom da peça. A luz é de Guilherme Bonfanti e os figurinos de Cássio Brasil. Depois de Curitiba, a peça segue para duas cidades do interior de São Paulo e reinaugura, em novembro, o Centro Cultural São Paulo, onde permanecerá por mais três meses.

Substituições

Não bastasse o trabalho árduo para que a montagem finalmente saísse, Darson Ribeiro ainda teve de passar por outra turbulência, que quase fez com que o espetáculo não fosse ao Filo ou estreasse em outras cidades: dois atores saíram do espetáculo no início do ano. Felipe Folgosi, que interpretava Cosmo, foi escalado para o reality A Fazenda, da TV Record, e Samantha Dalsoglio, que assumia o papel de Haley, optou por tocar projetos pessoais. "O papel era a cara do Felipe, foi uma pena. No caso da Haley é complicado porque o primeiro ato é praticamente um monólogo gigantesco dela. Depois ela dorme no restante da peça, mas intervém com espasmos corporais e faciais. Ensaiar esses encaixes novamente é um suplício. Quase desisti", confessa Ribeiro. Para o papel de Cosmo, o diretor chamou Nakagawa por indicação do cantor Ney Matogrosso, amigo de Ribeiro. "Fora a indicação do Ney, encontrei o Dan por acaso saindo do Conjunto Nacional (em São Paulo). Foi muita coincidência, não tinha como ser outra pessoa."

O que o levou a continuar foi o fascínio pela história. E qual o motivo de tamanho encantamento? "O próprio Philip já me fez essa pergunta, e a palavra-chave para explicar isso é a família. A peça é tão latente nessa questão que está sendo cada vez mais discutida, com os novos formatos de família que se configuram. Para mim e para o Philip também família é algo muito arraigado", diz o diretor.

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