Uma decisão da Justiça Federal de São Paulo anunciada nesta segunda-feira (29) determina que o reality show "Big Brother Brasil 10", da TV Globo, deve exibir um informe para esclarecer a população de como se contrai o vírus HIV.
O motivo da decisão foi a declaração de um dos participantes do programa, o gaúcho Marcelo Pereira Dourado, de 37 anos. No dia 2 de fevereiro, em conversa com os colegas de confinamento, o professor de artes marciais afirmou que "hetero não pega AIDS, isso eu digo porque eu conversei com médicos e eles disseram isso. Um homem transmite para outro homem, mas uma mulher não passa para o homem".
As declarações de Dourado foram exibidas no dia 9 de fevereiro na TV Globo. Nessa mesma data, segundo a decisão judicial, o apresentador do "BBB 10", Pedro Bial, informou no ar que "as opiniões e batatadas emitidas pelos participantes do programa são de responsabilidade exclusiva dos participantes deste programa. Para ter acesso a informações corretas sobre como é transmitido o vírus HIV acesse o site do Ministério da Saúde".
A Central Globo de Comunicação (CGCom), até por volta das 16h30, ainda não havia se manifestado sobre a decisão judicial.
A ação foi proposta pelo Ministério Público Federal em reação às declarações feitas por Dourado. O MP argumenta que, segundo o Ministério da Saúde, o vírus HIV pode ser transmitido por sangue, sêmen, secreção vaginal e pelo leite materno e que, portanto, a declaração de Dourado está errada.
A decisão partiu do juiz federal substituto Paulo Cezar Neves Junior, da 3ª Vara Federal Cível de São Paulo.
Em resposta ao Ministério Público, a Rede Globo explicou que "o programa "Big Brother Brasil" é um reality show, gênero caracterizado pela espontaneidade e impresivibilidade nas atitudes dos participantes". A emissora informa ainda que "qualquer manifestação preconceituosa ou equivocada sobre a forma de contágio da AIDS, feita por Marcelo Dourado ou outro participante, não reflete o posicionamento da TV Globo sobre o tema".
Reação da comunidade homossexual A afirmação de que "hetero não pega AIDS" despertou a ira da comunidade homossexual, que rapidamente começou a acusar Dourado de "homofobia" em fóruns de discussão na internet.
A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), chegou a divulgar carta aberta em repúdio ao lutador. Em entrevista ao G1, o presidente da entidade, Toni Reis, afirmou que "não podíamos deixar passar em branco as ofensas que ele fez à nossa comunidade em rede nacional".
Dourado é um dos finalistas ao prêmio de R$ 1,5 milhão oferecido pelo "BBB 10", ao lado da dentista paulista Fernanda Helena Cardoso, e do professor carioca de educação física Carlos Eduardo de Nascimento Parga. A decisão de quem sairá vitorioso do reality show será anunciada nesta terça (30).
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