A Justiça determinou na quarta-feira (10) o pagamento de indenização às filhas do compositor e diplomata Vinicius de Moraes. Punido pelo AI- 5, ele foi exonerado depois de 26 anos de serviços prestados ao Itamaraty. A União ainda pode recorrer.

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As três filhas de Vinícius conseguiram direito de indenização contra a União por danos morais em razão da perseguição política que seu pai sofreu no final da década de 60. Segundo o site do Tribunal de Justiça do Rio, a decisão unânime da 6ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região confirma a medida proferida em primeiro grau e concede a indenização de R$ 50 mil para cada uma das filhas solteiras por danos morais.

No primeiro posto no exterior, o diplomata Vinicius de Moraes escolheu Los Angeles, terra do cinema. Tanto no Brasil como no estrangeiro conciliou a carreira com a poesia. Ou melhor, com a poesia, o teatro e a música popular. Foi uma convivência intensa com artistas de todas as áreas. E dos artistas vinha uma oposição que incomodava os militares porque peças, filmes e músicas falavam mais ao público do que as ações da luta armada.

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Poucos meses depois do AI-5, baixado em dezembro de 1968, Vinícius foi exonerado do cargo. A filha Suzana Moraes conta que a brutalidade resultante da ditadura não chegou a inibir a criação de Vinícius, mas uma palavra sempre esteve presente: indignação.

- Era injusto demais diante do que ele representava dentro da cultura brasileira lá fora - diz Suzana.

A razão oficial da exoneração do poeta nunca foi revelada. Mas Vinicius ficou sabendo de um comentário feito na época.

- A boca pequena o que chegou a nós foi que general Costa e Silva teria dito 'põe na rua esse vagabundo' - conta Suzana.