Amy Winehouse, Leona Lewis, Adele, Jessie J., Lily Allen e a ruivinha Kate Nash. Só pode haver algo na água que as britânicas bebem, tamanha a quantidade de meninas de 20 e poucos anos rodando o mundo cantando, com aquele sotaque já musical, soul, jazz e pop.
O disco mais recente dessa safra é My Best Friend Is You. Segundo álbum da irlandesa Kate Nash, 23 anos, foi lançado mundialmente em abril de 2010, mas só agora chega ao Brasil editado pela Universal.
Kate fez nos dias 24 e 25 de fevereiro, no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente, seus primeiros shows no Brasil. E deu o que falar. No Rio, a delicada irlandesinha estava mais para um Kurt Cobain de saias, já que pirou, subiu no piano e até "mergulhou" na plateia. Isso, um misto de fragilidade e urgência, é a principal marca de My Friend Is You, que sucede o duplamente platinado Made of Bricks (2007).
Por falar nisso, esqueça, por enquanto, aquela Kate piano-bateria de "Foundations", hit do primeiro disco. A produção do novo álbum foi de Bernard Butler, guitarrista da Suede, banda que tentou pegar a rabeira da onda do britpop. E ele mostrou seu trabalho.
Há mais guitarras. E, se antes elas só figuravam em uma ou outra faixa, agora ocupam lugar de destaque em boa parte das 14 músicas há 13 e uma faixa escondida, justamente a que dá nome ao álbum.
Os arranjos foram colocados nos trilhos, amadurecidos, como se percebe em "I Just Love You More", quase uma música pós-punk, com ótimas inserções de guitarras, tocadas por Kate mesmo, que grita como nunca quando não está repetindo o título da música com diferentes ênfases.
"Do-Wah-Doo", o single, é a mais ensolarada. Há corais no refrão, um naiwpe de metais e o vocal de Kate, que tenta flertar com o soul.
O que não mudou em relação ao primeiro disco, e talvez nunca vá mudar, ainda bem, foi o que a fez ser comparada com Regina Spektor e Lily Allen: um sarcasmo meio nonsense, que mistura no mesmo verso desilusões amorosas com um natural desdém. Isso, misturado ao quase gutural sotaque cockney característico da região leste de Londres , é imbatível.
Se em "Foundations", Kate cantou "você disse que eu devo comer muitos limões, porque eu sou tão amarga", na introdução de "Mansion Song", Kate, boca-suja, verbaliza uma série de impropérios entre versos irônicos, como "é um banho gelado e uma luta por um par de tênis imundos/ não deixe o seu se misturar ao dela".
Talvez, se comparado ao trabalho anterior, Kate Nash tenha perdido um pouco da novidade que veio na carona de sua naturalidade. Mas há um amadurecimento e um maior cuidado com os arranjos, o que faz deste um disco mais completo.
Serviço:
My Best Friend is You. Kate Nash. Universal Músic. Preço médio: R$ 29.