Livro
Gus & Me
Keith Richards e Theodora Richards. Little, Brown Books for Young Readers. 32 págs. US$ 10,53 (cerca de R$ 25 na Amazon).
O sujeito cafungou as cinzas do próprio pai, quase matou queimada a namorada ao dormir com um cigarro aceso durante uma noitada de uso de heroína, foi um dedicado usuário de drogas recreativas em geral e agora, septuagenário, posa de bom velhinho.
Keith Richards, o lendário guitarrista dos Rolling Stones, acaba de lançar sua segunda peça literária, feita em colaboração com Barnaby Harris e Bill Shapiro.
Depois da autobiografia Vida (Globo), de 2010, chega o livro infantil Gus & Me -de forma muito apropriada para uma criação familiar, as ilustrações são da filha mais velha de Richards com a modelo Patti Hansen, Theodora.
Ela foi batizada em homenagem ao avô de Richards, que tinha Gus por apelido, mas cujo nome completo era Theodore Augustus Dupree. Ele, segundo o livro, "vivia com sete filhas perto da estrada das Sete Irmãs, em uma casa cheia de tortas e instrumentos musicais".
Um desses instrumentos era um violão, que ficava sempre guardado em cima de um piano. O livro conta pedaços da história de Gus e seu netinho, de seus longos passeios e gostosas conversas. E revela como Richards ganhou do avô seu primeiro violão e uma lição de música. "Quando você souber tocar Malagueña vai ser capaz de tocar qualquer coisa", disse o avô.
Do ponto de vista literário, Gus & Me não é exatamente apaixonante. Vale, porém, como registro histórico e objeto de adoração para fãs do guitarrista ainda mais que a versão de capa dura traz também um CD em que o próprio Richards conta a história, com fundo musical que inclui acordes dedilhados da já citada "Malagueña".
E é a prova de que mesmo o mais drogado e desbocado dos bad boys pode ser um sujeito família. Depois de cinco filhos e cinco netos, Keith Richards hoje diz: "Eu espero conseguir ser para meus netos um avô tão bom quanto foi Gus".
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