Meio-dia. A cena você não vai ver em Até Que a Sorte nos Separe, mas é muito engraçada. Com o sol a pino, Leandro Hassum só se movimenta no set seguido por aquele cara que carrega o guarda-sol. Formam uma dupla hilária. Leandro não é exatamente um cara magro, como sabe o público que o conhece da stand up comedy e de Os Caras de Pau. Com o calorão, seus gestos são lentos. "Vamos rodar. Ação!", anuncia a assistente. O guarda-sol desaparece e o ator improvisa uma corrida, atirando-se sobre um colchão.
A cena filmada é detalhe de uma partida de tênis. O antagonista, Maurício Sherman, só filmará à tarde. É preciso repetir duas, três vezes. Nos intervalos, o dublê de Leandro assume o posto, para as marcações. Só na hora dos closes é chamado de volta. Até Que a Sorte nos Separe é uma adaptação do livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, que virou um fenômeno editorial. Vendeu mais de 1 milhão de exemplares, satirizando a corrida pelo dinheiro e o gosto pelo consumo que são as molas propulsoras da economia de mercado.
O filme é uma produção dos irmãos Caio e Fabiano Gullane. "O perfil deles é de produtores de filmes artísticos, cabeça. Quiseram investir num projeto mais comercial e me chamaram", conta o diretor Roberto Santucci, que trouxe sua equipe vitoriosa de De Pernas pro Ar. "O filme foi formatado para o Leandro, que é muito talentoso, mas não deixa de envolver certo risco. O público já conhece o Leandro de outras mídias, teatro e TV. Não sabe do que ele é capaz no cinema. Nem ele sabia. Fomos descobrindo ao filmar. É muito bom."
Por que a partida de tênis? "No filme, o Leandro ganha uma fortuna que dilapida com a mulher perua (Daniele Winits). Sem dinheiro, ele pede ajuda ao parente milionário da mulher, que impõe uma condição. Leandro terá de vencê-lo no tênis. Parece fácil, pois o cara - o personagem de Maurício Sherman - é um velhinho. O jogo se revela duro.