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Uma das primeiras apresentações do grupo, que ainda se chamava The New Yardbirds em 1968 | Reprodução
Uma das primeiras apresentações do grupo, que ainda se chamava The New Yardbirds em 1968| Foto: Reprodução
  • Pôster japones de turnê
  • Camisetas vintage
  • Livro repleto de ilustrações

Uma famosa piada diz que livro bom é aquele repleto de figuras. No caso da recém-lançada biografia Whole Lotta Led Zeppelin: a História Ilustrada da Banda Mais Pesada de Todos os Tempos, essa máxima popular serve como uma luva. Organizado pelo jornalista norte-americano Jon Bream, crítico musical do Minneapolis Star Tribune desde 1975, o livro de 288 páginas em papel cuchê tem como maior mérito a enorme coleção de fotos inéditas, cartazes de shows, credenciais de backstage, reprodução de ingressos de shows, bótons e camisetas de época do grupo inglês formado em 1968, por Jimmy Page (guitarra), Robert Plant (vocal), John Paul Jones (baixo) e John Bonham (bateria).

Já os textos que ilustram esse vasto material gráfico não trazem nenhuma novidade aos leais fãs da banda. A maior parte dos artigos e entrevistas aqui contidos foi reproduzida de publicações mais antigas e não há sequer depoimentos atuais dos integrantes – algo incompreensível, visto que o time de escritores convidados a dar seus depoimentos sobre o Zeppelin reúne jornalistas de revistas consagradas, como Rolling Stone, Creem e Billboard. O próprio Bream parece mais preocupado em falar de seus próprios feitos como crítico musical do que sobre o assunto que originou o livro. Logo no prefácio, ele cita uma longa lista de artistas que fizeram menção a ele e dá a entender que graças a uma resenha negativa de sua autoria sobre um show do Led Zeppelin em 1977, a banda tocou muito melhor na apresentação da noite seguinte. "Ele [Robert Plant] não mencionou meu nome – eu ouvia atentamente em algum lugar no meio da multidão –, mas soltou alguns impropérios em referência à minha resenha", orgulha-se o egocêntrico organizador.

Escritas pelo jornalista e crítico musical Garth Cartwright, colaborador assíduo do jornal inglês The Guardian, as biografias dos integrantes são outro ponto negativo de Whole Lotta Led Zeppelin. Resumidas ao máximo, parecem copiadas da Wikipedia e são politicamente corretas de um modo desnecessário. Segundo Cartwright, Jimmy Page, por exemplo, era famoso por seu "suposto gosto por drogas pesadas" e a vida do baterista John Bonham no fim dos anos 1970 teria sido "supostamente dominada pelo álcool e pelas drogas pesadas". É de conhecimento público que Page chegou a ser processado por posse de drogas e que Bonham bebeu vodca até morrer sufocado no próprio vômito em setembro de 1980. Ou seja, são fatos, não suposições.

Como se não bastasse, fãs dos países onde o livro já foi publicado apontam erros nas informações presentes na biografia. Como, por exemplo, a de que a canção "Boogie with Stu" (do álbum Physical Graffiti) teria sido gravada em 1975 quando, na verdade, foi resultado de uma jam session com o pianista Ian Stewart (Rolling Stones), registrada em 1971. Algo que, aos olhos do leitor comum, passa despercebido, mas que, para os seguidores do grupo, imprime falta de credibilidade à obra.

Prós

Mas nem todos os textos da biografia ilustrada são equivocados como os descritos acima. Para quem nunca leu os relatos de Richard Cole, gerente de turnê do Led Zeppelin por 12 anos, em seu livro Stairway to Heaven: Led Zeppelin Uncensored, de 2002, há um capítulo inteiro com algumas das histórias mais cabeludas dos bastidores dos shows da banda. Há também a reprodução na íntegra de uma famosa entrevista concedida por Jimmy Page ao escritor e poeta beat William Burroughs (1914-1997), publicada na revista Crawdaddy, em 1975, e a lista completa dos shows de todas as turnês do grupo, de 1968 a 1980.

Espalhadas pelas páginas estão ainda as impressões de nomes interessantes, como Cameron Crowe (cineasta), Don Brewer (Grand Funk Railroad), Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), Johnny Depp, Tom Morello (Rage Against the Machine), Joe Perry (Aerosmith), Ray Davies (Kinks), Ace Frehley (Kiss), Chris Robinson (Black Crowes), Mike Watt (Minutemen), Alex Lifeson (Rush), entre outros – Kid Rock e Lenny Kravitz poderiam tranquilamente ter ficado de fora dessa lista.

Apesar de pouco inovar na abordagem de histórias e fatos já conhecidos pelos fãs mais dedicados da banda, Whole Lotta Led Zeppelin acerta ao reunir em um só tomo uma generosa coleção de imagens dignas de colecionadores. Assim, a biografia ilustrada de Jon Bream acaba servindo como um livro de mesa de centro, desses que as visitas folheiam com curiosidade e que o dono da casa tem orgulho de mostrar.

Serviço

Whole Lotta Led Zeppelin: a História Ilustrada da Banda Mais Pesada de Todos os Tempos, de Jon Bream (organizador). Agir, 288 págs. R$ 59,90. Biografia ilustrada.

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