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O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, é uma das grandes estrelas do Salão de Humor de Piracicaba deste ano. Mais de 10% das caricaturas selecionadas são dele. São nove imagens mostrando o governador atormentado pela facção criminosa, com ar cansado e desanimado depois de apenas cinco meses de governo. Numa das charges, o governador aparece com um abacaxi nas mãos, enquanto os tucanos batem em revoada.

Os paulistas sabiam pouco de Cláudio Lembo. Como a maioria dos vices, Lembo era discreto e quase anônimo. Ganhou notoriedade depois dos atentados em São Paulo. Sem Marcola, o chefe da quadrilha, Lembo poderia ter passado despretensiosamente os sete meses que ficará à frente do governo de São Paulo - tempo entre a saída de Geraldo Alckmin e a posse do novo governador.

Integrante do Partido da Frente Liberal (PFL), aliado de primeira hora do Partido Social da Democracia Brasileira (PSDB), Lembo quebrou o silêncio e desfiou farpas contra os tucanos - que, segundo ele, sumiram durante os ataques do crime, sem ao menos dar um telefonema -, contra a 'elite branca', que sustenta a situação de exclusão na cidade e, de quebra, anunciou em alto e bom tom que não via a hora dos sete meses de mandato terminarem.

Não era esse o vice que São Paulo esperava ver ou ouvir. Talvez fosse esperado dele um comportamento 'à la' Gilberto Kassab, vice de Serra, que vai ficar três anos à frente da Prefeitura e, mesmo assim, permanece à sombra, sem sequer ser reconhecido na rua.

Dono de sobrancelhas grossas e revoltas, que parecem saltar sobre os olhos, Lembo quebrou o protocolo dos vices ao abrir a boca e demonstrar que ficou tão surpreso com os ataques quanto qualquer paulistano. Ou seja, não sabia de nada e muito menos fora informado antes que a Secretaria de Administração Penitenciária transferiria uma leva de quase 800 presos gerando revolta dentro e fora dos presídios.

Por essas e outras é que Lembo se transformou em bom personagem de charges e afins. Seu curto mandato não vai passar em branco. Até porque, além da figura convidativa para os cartunistas, Lembo costuma dar declarações polêmicas.

- O controle é total. Não temos a menor preocupação com o futuro - disse ele logo depois dos primeiros ataques em maio.

Veio a segunda onda de ataques e questionado sobre o que deu errado, Lembo respondeu:

- Nada deu errado, apenas deu certo para os criminosos em um determinado momento.

Parecem bons ingredientes para uma charge, não?

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