| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Música

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O lendário cantor jamaicano Carl Dawkins entrou em uma das pastelarias da Praça Generoso Marques, no Centro de Curitiba. Usou mímica (e seu carisma) para pedir um clássico pastel de queijo e vento. Não era para ele. Dawkins sentou-se na fonte em frente ao Paço da Liberdade e esfarelou a massa, espalhando-a pelo chão e em suas calças jeans. O ritual atraiu dezenas de pombas que pousaram ao seu redor e em seu colo. Ele, então, cantou para elas, como se fosse um santo rastafári no aperto da praça.

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O Mr. Satisfaction, como também é conhecido, conta que tem feito isto todos os dias desde que chegou a Curitiba na última terça-feira. Dawkins faz uma apresentação única hoje, no 92 Graus (veja detalhes no roteiro). "Vai ser um show quente. Vamos fazer chegar a 110 graus com reggae, ska e rocksteady", brinca o cantor.

Dawkins é um dos mais respeitados músicos da Jamaica, um dos expoentes da velha escola do país que influenciou o mundo inteiro a partir da década de 1960. Filho de um baterista da histórica banda de jazz do trompetista Sonny Bradshaw, Dawkins, perto dos setenta anos, já tem mais de cinco décadas de carreira. "Comecei muito cedo. Tenho esta batida no coração", diz.

O cantor integrou a banda The Wailers no tempo em que a formação incluia Peter Tosh, Bunny Wailer e Bob Marley e era produzida pelo genial Lee "Scratch" Perry.

Dawkins também foi um dos primeiros a conciliar o reggae com a religião rastafári, influenciando inicialmente a cena de Kingston e depois o mercado mundial. "O rastafári mostra o caminho da justiça, da realidade. Não importa quem você é, qual a sua cor, quanto dinheiro tem. Somos humanos e iguais. Minha geração começou a levar esta verdade às pessoas do mundo inteiro através do reggae", diz.

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Em um café na região do antigo mercado de escravos de Curitiba, Dawkins filosofou sobre o poder transformador da sua música. "A música da Jamaica vem do blues e do jazz, mas nós demos uma cara própria, com uma batida peculiar. Era feita com amor de verdade em seus primeiros momentos. Foi ela que estabeleceu a Jamaica como uma nação musical. A música educa e liberta ainda que a mentalidade da escravidão ainda esteja na cabeça das pessoas", diz.

ImagemConfira galeria de fotos feitas por Henry Milleo:

Carl Dawkins