Para o escritor Bernardo Carvalho, a importância da literatura na vida cotidiana é cada vez menor. "Num país analfabeto e com uma elite iletrada como a brasileira, essa desimportância ganha uma dimensão especialmente chocante. As pessoas estão interessadas em celebridades, não em literatura", afirma o escritor, que participa hoje à noite do Paiol Literário, evento idealizado pelo jornal Rascunho em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba e o Sesi Paraná.
Acreditar na literatura como redenção torna-se uma forma de resistência, na opinião do autor de O Sol Se Põe em São Paulo, Mongólia e Nove Noites, romance que lhe valeu o Prêmio Portugal Telecom.
Nascido no Rio de Janeiro em 1960, mas radicado em São Paulo, Carvalho é o quinto convidado da temporada 2007 do Paiol Literário, que já trouxe este ano à cidade Ana Maria Machado, Michel Laub, Miguel Sanches Neto e Flávio Moreira da Costa.
Em O Sol Se Põe em São Paulo, seu oitavo romance, lançado este ano pela Companhia das Letras, Carvalho desnorteia o leitor com um narrador frustrado, descendente de japoneses, que se envolve em uma trama que remete ao Japão e à Segunda Guerra Mundial, através da história de Setsuko, dona de um restaurante no bairro Liberdade, em São Paulo.
Assim como em Mongólia, em que relato de viagem e ficção se misturam, na recente obra, personagens ficcionais se mesclam com a realidade, como com a presença do escritor japonês Junichiro Tanizaki. "Não vejo propriamente risco em citar personagens reais na ficção. No caso desse romance, isso só reforça o elogio da ficção, o partido da ficção", afirma o autor.
Carvalho, que assina uma coluna quinzenal no jornal Folha de S. Paulo, viajará este ano a São Petesburgo (Rússia), para escrever um livro do projeto Amores Expressos, idealizado pelo produtor Rodrigo Teixeira. "Por conta disso, só tenho lido e relido os russos, Gogól, Dostoiévski, os romances que se passam na cidade, mas também os poetas, Brodski, Anna Akhmátova, etc.", conta.
O próximo Paiol Literário acontece em agosto, e receberá o escritor Sérgio SantAnna, autor de Um Crime Delicado, que foi levado às telas em 2005 por Beto Brant. A temporada 2007 ainda terá a participação de Alexei Bueno (setembro), Roberto Pompeu de Toledo (outubro), Luiz Vilela (novembro) e Marçal Aquino (dezembro).
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Serviço: Paiol Literário. Bate-papo com o escritor Bernardo Carvalho, com mediação do escritor e jornalista José Castello. Teatro Paiol (Praça Guido Viaro, s/n), (41) 3213-1340. Hoje, às 20 horas. Entrada gratuita.
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