John Darnielle, 49 anos, era tão somente o líder do Mountain Goats — grupo americano de indie rock seguido por um público pequeno e fiel, e celebrado pela crítica pela qualidade literária de suas canções. Em 2014, John lançou seu primeiro romance, “Wolf in White van” (que a Editora Record edita agora no Brasil, mantendo o título original). A indicação do livro para o National Book Award nem foi o que, no fim das contas, deixou o autor mais feliz nessa história toda.
“Nossas canções não são capazes de atingir muita gente na China. Só quando um livro seu ganha uma tradução é que pode ver se a história que contou é universal”, argumenta John, em entrevista por telefone, sem deixar de apontar, também, as desvantagens na aventura literária. “Cinco minutos depois de você ter feito uma canção, você pode tocá-la para os amigos e ter uma resposta imediata. Com o livro, demora mais para as pessoas formarem algum registro.”
Inspirado por J.G. Ballard e Barry N. Marlzberg (escritor de ficção científica dos anos 1970), o músico lapidou ao longo de anos “um desses romances que levam você a lugares estranhos”, contando a história de Sean Phillips, adolescente com rosto desfigurado que cria “Forte Itália”, um popular role-playing game que é jogado pelo correio.
“Wolf in White Van”
Autor: John Darnielle.
Tradução: Rodrigo Salem e Carol Nogueira.
Editora: Record.
Páginas: 224.
Preço: R$ 34,90.
“Só joguei RPG uma vez, quando tinha 13 anos. Não entendi nada, mas fiquei muito interessado por esse mundo sobre o qual não sabia nada”, conta. “Para Sean e para as pessoas que jogam seu RPG no livro, ele é uma forma de viver em um mundo melhor do que o da realidade. É mais seguro, você pode fazer tudo, encarar todo tipo de risco.”
Com inúmeras referências à cultura pop — além do RPG, estão lá os quadrinhos de “Conan, o Bárbaro” e menções a grupos de rock progressivo —, “Wolf in white van” não é o primeiro livro de John Darnielle. Em 2008, ele escreveu sobre “Master of Reality”, álbum de 1971 do Black Sabbath, para uma série de volumes com textos sobre discos, a “33â ”. De suas audições do “Master”, saiu uma ficção sobre um garoto roqueiro, fã da banda, que é mandado para um hospital psiquiátrico.
“As pessoas cultivam essa imagem malévola acerca do Black Sabbath, mas se formos investigar, vamos encontrar uma banda muito cristã, que quer que você aja corretamente. Quis escrever sobre essa contradição”, conta o músico, que espera vir um dia ao Brasil com os Mountain Goats e trabalha em um novo romance, que deve ser lançado em janeiro de 2017. “É um livro de terror um pouco mais emotivo, sobre mágoa.”
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