Clóvis de Barros Filho levou 2,4 mil pessoas ao Teatro Positivo, dia 27 de outubro.| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Barros Filho é um popstar da filosofia nacional. Junto com Leandro Karnal e Luiz Felipe Pondé, ocupam as primeiras colocações nos rankings dos livros mais vendidos do Brasil (seu livro “Felicidade ou Morte”, é o quinto mais vendido na categoria não-ficção), têm seus vídeos com palestras visualizados milhões de vezes no YouTube e enchem auditórios para vê-los discursar sobre Aristóteles, Platão e Espinoza.

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No último dia 27 de outubro, foi a vez de Curitiba sentir a força da popularidade de Barros Filho. Professor da escola de comunicação e artes da USP por muitos anos, Barros transformou as principais lições dos maiores filósofos da humanidade em ensinamentos palatáveis para plateias ávidas por palavras de incentivo.

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No Teatro Positivo absolutamente lotado, Barros capturou a atenção de 2.400 pessoas com histórias pessoais (falou de seu casamento, de sua família, de suas aulas na USP), piadas envolvendo a comparação da lua-de-mel com o consumo excessivo de pamonhas, alguns palavrões e depoimentos emocionados, tudo isso intercalado com o resumo do pensamento dos principais filósofos ocidentais.

Desde 2005, dá palestras sobre ética para todos os públicos. No YouTube, é possível vê-lo falando para corretores de seguros, dentistas e médicos, sem distinção. Em Curitiba, falou como a filosofia pode nos ajudar a viver uma “boa vida”. (Dica: comece procurando uma atividade em que você seja feliz).

Sobre o sucesso na literatura, Barros disse, em entrevista à Gazeta do Povo, que tanto ele como o colega Karnal, estão preocupados em escrever de modo acessível. “Claro que, ao tomar essa decisão, talvez possamos perder um pouco em rigor do que os autores realmente quiseram dizer. Mas é uma escolha a ser feita.”

A filosofia não está sozinha para dar conta de uma demanda imensa. Afinal, para dar conta da falta de sentido bastam duas ou três tristezas em seguida.

Clóvis de Barros Filhoprofessor de filosofia

Desde o estrondoso sucesso do livro “O Mundo de Sofia”, do norueguês Jostein Gaarder, “as ideias filosóficas passaram a circular em meios para não-iniciados”, considera Barros Filho. “Para alguns isto é visto de modo positivo, para outros, é um empobrecimento.”

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“Mas as pessoas sempre procuraram discursos que falam sobre a vida. E a filosofia é um deles. Neste sentido, a filosofia concorre com outros espaços de produção de discurso, que também oferecem a todos os interessados algum tipo de reflexão sobre o sentido da vida, por que estamos no mundo etc. A filosofia não está sozinha para dar conta de demanda que é imensa. Afinal, para dar conta da falta de sentido bastam duas ou três tristezas em seguida, basta um velório de um ente querido para você precisar ser preenchido por algum tipo de unguento que torne a continuidade da vida suportável.”

Filósofo: ser ou não ser

A produção literária e a grande audiência ao vivo e na internet não deixam Barros se considerar mais que um professor. Ele não se diz filósofo.

“Eu aqui e acolá me sirvo de coisas que li de filósofos para montar meus discursos, mas não me considero nem um filósofo nem mesmo um pensador. Apenas alguém que está para facilitar algum tipo de compreensão.”