O acidente aéreo que envolveu um voo da Avianca, no dia 25 de janeiro de 1990, tornou-se um marco na história da aeronáutica internacional. Isso porque uma série de negligências acarretou na morte de 73 passageiros, deixando outras 81 gravemente feridas. É sobre esse assunto que se debruçou Ivan Sant’Anna que, auxiliado por Luciano Mangoni, escreveu ‘Voo Cego’ (Objetiva).
Sant’Anna é diplomado em mercado de capitais, mas se tornou conhecido pelos livros-reportagem sobre grandes fatos, como ‘Caixa-Preta’, que reconstitui a história de três acidentes aéreos que comoveram o Brasil. Para ‘Voo Cego’, ele se uniu a Mangoni, piloto profissional, comandante de Boeing 777, que auxiliou nos termos técnicos. “Convidei Luciano justamente para que o livro tivesse índice zero de erros aeronáuticos, já que sou piloto de monomotor”, explica ele.
Tamanho preciosismo se explica - aquele voo saiu de Bogotá, na Colômbia, e, depois de uma escala em Medellín, seguiria para Nova York. A viagem começou ensolarada, mas, em território americano, o tempo ficou chuvoso, com nevoeiro e fortes ventos, o que tornava a aterrissagem perigosa. Com isso, uma fila de aviões se formou no ar, esperando a autorização para pouso. Isso selou o destino do Avianca.
Havia três pilotos responsáveis e apenas um, o mais jovem, falava inglês com fluência. O problema era sua timidez, que se tornou fatal.
Assim, a quantidade de giros no ar consumiu o combustível da aeronave, mas, apesar da gravidade da situação, em nenhum momento os controladores foram avisados do estado de emergência. Com isso, o avião não teve prioridade no pouso.
Resultado: a poucos quilômetros da pista, a aeronave ficou sem combustível (pane seca) e caiu na região conhecida como Cove Neck. “Embora tivesse havido incompetência (mas não negligência) dos pilotos colombianos, houve negligência dos controladores americanos.
E as condições meteorológicas foram preponderantes no desfecho do voo 52”, observa Sant’Anna, que detalha todo o drama dos pilotos e dos passageiros em uma escrita de tirar o fôlego. No final, lembra da semelhança com o voo que vitimou quase toda equipe da Chapecoense.