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Juntas: mãe Alice e a filha “curadora” Estrela Leminski. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Juntas: mãe Alice e a filha “curadora” Estrela Leminski.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Alice Ruiz tinha acabado de chegar de São Paulo – cidade onde a autora curitibana é radicada – quando se deparou pela primeira vez com a mostra Poeta Alice, que faz um apanhado sobre a sua trajetória, em cartaz no Centro Cultural Sistema Fiep, com entrada gratuita. Os haicais espalhados pela parede, as fotografias, vídeos e uma parte dedicada à música, que retratam a atuação da poeta, haicaísta e letrista da MPB, a surpreenderam. A exposição tem curadoria de sua filha caçula, a música Estrela Leminski. Veja mais informações no Guia.

“É difícil fazer uma retrospectiva de quem está em plena produção. Por isso, não foquei em fatos. Mas trouxe materiais para que as pessoas entrem e entendam o seu modo de produzir”, conta Estrela, que já havia feito, junto com a irmã, Áurea, e a própria Alice, a curadoria de Múltiplo Leminski, que traz a história do pai, Paulo.

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Um dos poemas de Alice Ruiz, em exposição a partir de hoje.Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Poeta Alice retrata a essência da autora a partir do título: feminista (ela escreveu diversos artigos sobre o tema), Alice sempre condenou o termo “poetisa”. “Se os homens fazem tanta questão da distinção, que mudem para poeto! A expressão poetisa dá uma amortizada nas funções”, acredita ela, que diz ser um “pioneirismo” homenagear um artista vivo. “Não é de praxe valorizara a esse ponto. Tomara que essa atitude se espalhe em relação a outros vários autores.”

Para ela, não havia ninguém melhor do que Estrela para fazer a seleção: quase que de forma obrigatória, a filha participou de sua criação desde sempre. No lançamento do primeiro livro de Alice, Estrela estava em sua barriga. Criança, nos anos 1990, acompanhava a mãe nas oficinas de haicai que a autora realizou (e ainda hoje realiza) pelo país. “Ela tem a experiência da curadoria do Múltiplo Leminski, que nós três fizemos, e a pessoal. A Estrela sempre acompanhou meu processo criativo muito de perto. Ninguém conhece tanto.”

Passeio

Na exposição, o público poderá ler vários de seus haicais. Alice conta como surgiu “fim do dia. Porta aberta. O sapo espia.” “Nós morávamos na Granja Viana [região na grande São Paulo ], e no fim do dia eu corria para fechar a casa para os bichos não entrarem. Um dia, me deparei com um sapinho, e não tive coragem de fechar a porta para ele. Achei uma falta de educação. No fim, ele saiu sozinho, pulando.”

Há ainda trechos de textos, fotografias, os livros da autora (como o Proesia, obra de prosa que poucos conhecem), entrevistas, vídeos e um espaço dedicado à música: 66 canções da letrista, que foi parceira de nomes como Itamar Assumpção, Alzira Espíndola, Arnaldo Antunes, Zélia Ducan, entre outros, serão tocadas.

Um “espaço zen” também foi projetado no meio da sala. Construído com pallets, traz almofadas de meditação, plantas e outros elementos orientais para que o visitante interaja e mergulhe no mundo da autora. “Ela sempre teve muitas plantas em casa, tem esse lado zen, mas também é urbana. Aqui é a mesma coisa. Um espaço de parar e, ao mesmo tempo, olhar para essa avenida movimentada”, diz Estrela, para quem a exposição é, em certo ponto, “antididática.” “O principal é que captem sua essência.”

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