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Dois mil e quinze foi um ano bom. Dois dos escritores mais importantes do mundo ganharam traduções por aqui: a italiana Elena Ferrante, pela Biblioteca Azul, e o norueguês Karl Ove Knausgård, pela Companhia das Letras. Um clássico desconhecido, escrito em 1965 por John Williams, ganhou sua primeira edição brasileira neste ano – uma proeza literária.

Aliás, “vida” e “mundo” e uma forma de retratar essas duas coisas no papel foram temas recorrentes dos livros e das resenhas que falaram deles. No lado latino-americano, duas mulheres escreveram obras incríveis: a chilena Lina Meruane e a argentina Selva Almada. O espanhol Javier Marías também se fez ouvir (ou ler). Em português, o brasileiro Ruy Castro escreveu a história não contada do samba-canção e o lusitano José Luís Peixoto tentou assimilar a morte do pai num livro de memórias sem igual.

Anderson Gonçalves (AG), Cristiano Castilho (CC), Irinêo Baptista Netto (IBN), Sandro Moser (SM) e Victor Hugo Turezo (VHT) indicam livraços deste ano.

  • 1. A amiga genial, Elena Ferrante(Tradução de Mauricio Santana Dias. Biblioteca Azul/Globo, 332 pp., R$ 44,90) A escritora italiana narra a vida de duas amigas ao longo de quatro décadas: Lenu, a autora do livro, e Lina, uma força da natureza que inspira a amiga a colocar no papel os episódios vividos por ambas. (IBN)
  • 2. Assim começa o mal, Javier Marías (Tradução de Eduardo Brandão. Companhia das Letras, 520 pp., R$ 49,90) Numa época em que a literatura se aventura por novas linguagens, mais ágeis, sucintas e às vezes desordenadas, é gratificante ler o texto do escritor espanhol Javier Marías. (AG)
  • 3. Minha luta 3: a ilha da infância, Karl Ove Knausgård (Tradução de Guilherme da Silva Braga. Companhia das Letras, 440 pp., R$ 54,90) Knausgård prova que o valor de uma vida está diretamente relacionado à quantidade da atenção que você presta nela. (IBN)
  • 4. Morreste-me, Jose Luis Peixoto (Dublinense, 64 pp., R$ 29,90)Memorialístico ao relembrar passagens marcantes e comuns a todos – o pai ensinando o filho a dirigir; o almoço de domingo; o molho de chaves a balançar –, Morreste-me é uma conversa com quem não pode dizer nada. É um papo com o que restou. (CC)
  • 5. A noite do meu bem, Ruy Castro (Companhia das Letras, 544 pp., R$ 59,90) Autor retrata o período entre 1946 e 1965, que pode ser dividido em três forças: o cenário formado pelas boates de Copacabana, as pessoas que as frequentavam e o samba-canção que embalava as noites longas. (SM)
  • 6. O livro das semelhanças, Ana Martins Marques (Companhia das Letras, 112 pp., R$ 33) Ana nos entrega e revela a cartografia do mundo. Parece geógrafa de solidões, amores, viagens, do mar e, até mesmo, dos livros. (VHT)
  • 7. O vento que arrasa, Selva Almada (Tradução de Samuel Titan Jr. Cosac Naify, 122 pp., R$ 29,90) Pense na história como um quadrado que consegue girar como uma folha seca no Chaco argentino. (CC)
  • 8. Sangue no olho, Lina Meruane (Tradução de Josely Vianna Baptista. Cosac Naify, 192 pp., R$ 34,90) A cegueira gradual e repentina lhe atinge como uma surra. E ao leitor também. (VHT)
  • 9. Stoner, John Williams (Tradução de Marcos Maffei. Rádio Londres, 316 pp., R$ 33,90) Capaz de percorrer com sensibilidade tantos momentos significativos de uma existência comum, “Stoner”, é na verdade uma vida impressa em papel e prensada entre capas de papel cartão 250 gramas. (IBN)
  • 10. Viva a música Andrés Caicedo (Tradução de Luis Reyes Gil. Rádio Londres, 220 pp., R$ 29,90) Redemoinho lírico e alucinante sobre música, drogas (e a vida) que só conhece o fim quando chega ao fim. (VHT)
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