Países nórdicos e a Islândia em especial têm essa coisa estranha de parecerem, aqui de longe, parte de outro planeta quase mágico e ainda medieval em algum sentido.
Uma explicação talvez esteja nas belezas naturais desses lugares surreais em que gêiseres, vulcões, auroras boreais e casinhas coloridas de madeira convivem numa boa.
Outra leitura, sob um viés antropológico e histórico, tem nos mitos nórdicos a resposta para esse interesse específico – ao menos no meu caso.
A Panqueca Fugitiva, o Resmungão e Outros Contos Nórdicos é um apanhado textual de relatos orais de povos que um dia habitaram a Escandinávia.
A obra de Augusto Pessôa – ator, dramaturgo, arte-educador e contador de histórias – reforça o certo misticismo que envolve a região com a ajuda de raposas sapecas, ursos dorminhocos, meninas com cabeça de bode e trolls da floresta.
Parte da graça está no fato de que as histórias, que se passam em paisagens incríveis, não terminam com uma lição de moral, forte tradição ocidental.
Livro
Augusto Pessôa (ilustrado por Nina Millen). Rocco, 96 pp., R$ 29,50.
Nada de A Formiga e a Cigarra, portanto. O exuberante nas narrativas colhidas e adaptadas por Pessôa é o humor singelo e a perspicácia dos personagens.
Pois algumas histórias não são o que indicavam ser. E aí a mágica acontece.
Afinal, o que pensar sobre um senhor que decide ir à cidade para vender uma vaca e volta de mãos vazias e sem dinheiro.
O que faria um rei cuja filha só sabe mentir?
Quem é mesmo o animal mais esperto daquelas longínquas florestas escuras?
Há também bebês que brotam de flores duvidosas, moços pobres de bom coração, bruxas velhas e más e, grand finale, uma panqueca perseguida.
Desnecessário dizer que o livro não é exclusivamente infantojuvenil. Aliás, algum é?
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