Panorama de Reykjavík, capital islandesa, terra que, vista de longe, parece quase mágica e ainda medieval em algum sentido.| Foto: Andreas Tille/Creative Commons

Países nórdicos e a Islândia em especial têm essa coisa estranha de parecerem, aqui de longe, parte de outro planeta quase mágico e ainda medieval em algum sentido.

CARREGANDO :)

Uma explicação talvez esteja nas belezas naturais desses lugares surreais em que gêiseres, vulcões, auroras boreais e casinhas coloridas de madeira convivem numa boa.

Publicidade

Outra leitura, sob um viés antropológico e histórico, tem nos mitos nórdicos a resposta para esse interesse específico – ao menos no meu caso.

A Panqueca Fugitiva, o Resmungão e Outros Contos Nórdicos é um apanhado textual de relatos orais de povos que um dia habitaram a Escandinávia.

A obra de Augusto Pessôa – ator, dramaturgo, arte-educador e contador de histórias – reforça o certo misticismo que envolve a região com a ajuda de raposas sapecas, ursos dorminhocos, meninas com cabeça de bode e trolls da floresta.

Parte da graça está no fato de que as histórias, que se passam em paisagens incríveis, não terminam com uma lição de moral, forte tradição ocidental.

Livro

A Panqueca Fugitiva, o Resmungão e Outros Contos Nórdicos

Augusto Pessôa (ilustrado por Nina Millen). Rocco, 96 pp., R$ 29,50.

Publicidade

Nada de A Formiga e a Cigarra, portanto. O exuberante nas narrativas colhidas e adaptadas por Pessôa é o humor singelo e a perspicácia dos personagens.

Pois algumas histórias não são o que indicavam ser. E aí a mágica acontece.

Afinal, o que pensar sobre um senhor que decide ir à cidade para vender uma vaca e volta de mãos vazias e sem dinheiro.

O que faria um rei cuja filha só sabe mentir?

Quem é mesmo o animal mais esperto daquelas longínquas florestas escuras?

Publicidade

Há também bebês que brotam de flores duvidosas, moços pobres de bom coração, bruxas velhas e más e, grand finale, uma panqueca perseguida.

Desnecessário dizer que o livro não é exclusivamente infantojuvenil. Aliás, algum é?