Gay Talease, autor do livro “The Voyeur’s Motel”| Foto: Marcos de Paula/Agência Estado

“The Voyeur’s Motel”, o polêmico e mais recente livro do jornalista Gay Talese, lançado em junho deste ano, é pano de fundo para um documentário que mostra o processo de sua apuração pelo autor.

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“Gay Talese And The Voyeur” estaria em sua reta final, após três anos de produção, e teria previsão de lançamento para 2017, segundo informações do site Deadline.

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Os diretores Myles Kane e Josh Koury acompanharam Talese durante o processo de apuração e escrita do livro de não-ficção sobre Gerald Foos, dono de um motel americano que afirma ter espionado durante anos as práticas sexuais de vários de seus hóspedes por meio de grelhas de ventilação falsas instaladas no teto dos quartos.

De acordo com os cineastas, o documentário explora um emaranhado de questões éticas, como, por exemplo, o que um jornalista deve a seu assunto central, o que um voyeur (observador) deve às pessoas que ele espia e como um repórter pode confiar em uma fonte famosa por enganar pessoas.

Além dos questionamentos, as filmagens mostram a repercussão do livro após seu lançamento, abordando a quebra de confiança entre o jornalista e sua fonte, assim como a troca de papéis que traz à tona mais um questionamento, aquele sobre quem seria o verdadeiro voyeur.

Os direitos de reprodução da história já haviam sido adquiridas pela DreamWorks e dariam origem a um filme dirigido por Sam Mendes (“Beleza Americana” e “007 - Operação Skyfall”). No entanto, uma polêmica envolvendo a credibilidade dos fatos narrados teriam esfriado o desenvolvimento do longa, agora com futuro incerto.

Controvérsia

A credibilidade dos fatos narrados na obra de Talese foram postas em xeque, quando o jornal norte-americano “The Washington Post” resolveu checar a história, descobrindo que Foos havia vendido o motel, localizado no Estado do Colorado, em 1980 e só o readquirido oito anos depois.

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Essa questão contraria alguns detalhes contidos no livro: Foos chegou a afirmar que levou a própria mulher para bisbilhotar os casais transando por volta de meados dos anos 1980, o que seria impossível, já que nessa época ele não estava à frente do estabelecimento. Informações sobre o voyeurismo estavam num diário que Foos confiou a Talese.

“Não deveria ter acreditado em uma palavra do que ele disse. Não vou promover o livro”, disse Talese, à época da polêmica, em julho deste ano. “Como posso promovê-lo quando a sua credibilidade foi atirada no lixo?”, indagou.