Num ano de crise e estagnação no mercado, entre eles o editorial, a Bienal do Livro do Rio é uma espécie de sopro jovial. Literalmente jovial.
Crianças sempre tiveram presença forte nas bienais, e, ao longo da última década, só vem aumentando a presença do público jovem, com idades entre 12 e 20 e poucos anos.
Apostando nesses leitores, editoras sonham com faturamento gordo, mesmo num período de retração das vendas.
A Bienal do Rio começa nesta quinta-feira (3) e vai até o dia 13. O elenco de mais de 200 escritores inclui medalhões da literatura brasileira, como Ferreira Gullar, e uma delegação de autores da Argentina, país homenageado do evento.
Quem provoca frenesi nas bienais, contudo, são autores que tratam dos temas e gêneros mais consumidos pela garotada: terror, suspense, aventura, o primeiro amor.
Destaques da Bienal
Evento ocorre de 3 a 13 de setembro
David Nicholls
Escritor britânico, autor de “Um Dia” (Intrínseca)
- sáb. (5), às 18h, no Conexão Jovem
Pedro Bandeira
Autor da série “Os Karas” (Moderna)
- sex. (4), às 10h15, no Fórum de Educação
Thalita Rebouças
“Ela Disse, Ele Disse”, série “Fala Sério” (Rocco)
- sáb. (5), às 11h, no Conexão Jovem
Colleen Hoover
Americana, escreveu a trilogia “Slammed” e a série “Hopeless” (Galera Record)
- dom. (6), às 11h, no Conexão Jovem
Raphael Draccon
“Cemitérios de Dragões”, “Cidades de Dragões” (Rocco)
- dom. (6), às 17h, no Cubovoxes
Eduardo Spohr
“A Batalha do Apocalipse”, série “Filhos do Éden” (Verus)
- dom. (6), às 14h, no Conexão Jovem
Mauricio de Sousa
Cartunista recebe homenagem
- seg. (7), às 11h, no Conexão Jovem
Raphael Montes
“Dias Perfeitos” (Companhia das Letras)
- seg. (7), às 11h, no Café Literário
Sophie Kinsella
Britânica, autora da série “Becky Bloom” e “À Procura de Audrey” (Galera Record)
- sáb. (12), às 11h, no Conexão Jovem
BIENAL DO LIVRO DO RIO
Riocentro (Av. Salvador Allende, 6.555). Começa na quinta-feira (3), de 13h às 22h; de seg. a sex., das 9h às 22h; sáb. e dom., das 10h às 22h. Ingresso: R$ 16. Até o dia 13 de setembro.
São autores que não aparecem nos cadernos literários, não são indicados a prêmios e, muitas vezes, não são conhecidos pelo público adulto, mas conquistaram nos últimos anos uma legião de leitores – talvez seja mais correto dizer fãs ardorosos.
“A Bienal identificou esse nicho e passou a investir nesse público jovem nos últimos 15 anos”, diz Ana Lima, editora-executiva do Galera, selo jovem do Grupo Record.
“O leitor jovem é muito engajado, é muito diferente do leitor adulto. Quando gosta de um livro, o jovem quer saber tudo sobre o autor, faz campanha na internet, passa a madrugada numa fila para conseguir autógrafo.”
Na Bienal de São Paulo, no ano passado, os dez livros mais vendidos pela Record eram voltados ao público jovem. O campeão foi “Cidade do Fogo Celestial”, da americana Cassandra Clare, que causou furor entre os leitores.
A editora Autêntica, forte no filão infantojuvenil, aposta alto na Bienal do Rio. Dobrou o tamanho de seu estande (agora são 135 m²) e quer aumentar as vendas em 120%.
O principal lançamento da editora para esta edição, pelo selo Gutenberg, é “Um Ano Inesquecível”, compilação de histórias de quatro autoras best-seller: Paula Pimenta, Babi Dewet, Bruna Vieira e Thalita Rebouças.
“A Bienal é hoje do público jovem. Acho difícil o público adulto visitar, a não ser para levar os filhos”, afirma a editora-executiva do Grupo Autêntica, Rejane Dias.
Apesar de a Autêntica também promover o lançamento de um novo título de Gullar no evento, “Autobiografia Poética”, Dias avalia que o autor adulto pode “ficar perdido na Bienal”.”Gullar já é um nome consagrado. Mas para o autor que não é conhecido fica complicado. Se um autor não atrai público, não faz sentido ir.”
Isabela Freitas, mineira de 24 anos, é um exemplo desse novo perfil de escritor que movimenta as bienais. Criou em 2011 um blog que atraiu no primeiro mês mais de um milhão de leitores. Foi então convidada pela editora Intrínseca para escrever um livro.
“Não se Iluda, Não”, seu segundo título, foi o mais vendido no Brasil em agosto, segundo lista do portal PublishNews. “Já fiquei oito horas autografando. Nesta Bienal vamos criar senhas para controlar melhor o tempo”, diz ela.
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