Poucos sabem quem é a italiana Elena Ferrante. Sabe-se que ela foi uma escritora que chamou um tanto de atenção no início de carreira, décadas atrás. E que a experiência dela com o atenção recebida foi traumática a ponto de afastá-la da literatura por um tempo. Para voltar com um pseudônimo, Elena, inalcançável.
Ferrante é autora de um dos livros mais incríveis deste ano: “A Amiga Genial” (Tradução de Maurício Santana Dias. Biblioteca Azul, 332 pp., R$ 44,90), primeiro volume de um quarteto chamado “série napolitana”.
Nele, a escritora italiana narra a vida de duas amigas ao longo de quatro décadas: Lenu, a autora do livro que você lê, e Lina, uma força da natureza que inspira a amiga a colocar no papel os episódios vividos por ambas.
Nos Estados Unidos, acaba de ser publicado o volume quatro da série napolitana e não foram poucos os elogios. Há também uma tendência em se comparar Elena Ferrante e o norueguês Karl Ove Knausgård, autor de “Minha Luta”. Mas eles são diferentes. Talvez com uma coisa ou outra em comum.
Ambos deram um jeito de explorar a ficção de jeitos novos e surpreendentes. O norueguês misturou gêneros – romance, ensaio, autobiografia, etc. – para falar sobre a própria vida. Ferrante usa “apenas” o romance – escrevendo uma ficção que, dizem, tem muito a ver com a própria vida –, mas se recusa a aparecer.
Numa entrevista, a italiana disse gostar das possibilidades literárias que o anonimato dá. O fato de não se deixar fotografar e de só responder perguntas via sua agente literária (no Brasil, apenas o jornal “O Globo” conseguiu entrevistá-la) faz parte de sua obra.
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