No primeiro comunicado oficial desde o anúncio do encerramento de suas atividades, a editora Cosac Naify diz que, embora ainda não haja data para o fim definitivo, vai fechar as portas até o fim de dezembro.
O fundador Charles Cosac divulgou a decisão de acabar com a editora, depois de quase 20 anos no mercado, na segunda-feira (30), em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”.
Em nota, a Cosac afirmou que, gradativamente, entrará em contato com autores e colaboradores para acertos pendentes.
“Ao meâu ver, uma editora deve existir exclusivamente para alimentar um projeto cultural e quando eu senti o projeto Cosac Naify ameaçado, eu julguei que seria o momento correto para cessarmos nossas atividades.”
A intenção da empresa é procurar outras editoras para repassar os livros que estavam em processo de produção. Charles designou a diretora editorial Florencia Ferrari para cuidar da transição.
“Vamos passar adiante de alguma maneira, mas ainda não sabemos como”, disse ela à reportagem. “O provável é que conjuntos de livros sejam vendidos para outras editoras.”
Títulos da editora continuarão sendo vendidos, até acabarem os estoques, pela internet. A comunicação com os leitores será feita pelas redes sociais. A participação da Cosac na Festa do Livro da USP, que acontece entre os dias 9 e 11 de dezembro, está mantida.
“Descaracterizada”
Criada há cerca de 20 anos, a Cosac Naify se especializou em publicar edições especiais, em pequenas tiragens, mas com grande cuidado com o design.
Na entrevista ao “Estado de S. Paulo”, Charles Cosac diz que a editora vinha se “descaracterizando”.
Seu primeiro livro foi “Barroco de Lírios”, de Tunga, que trazia mais de dez tipos de papéis e 200 ilustrações. A obra tinha recursos sofisticados, como a fotografia de uma trança que, desdobrada, chegava a um metro de comprimento.
Além de artes plásticas, a empresa publicou diversos títulos de arquitetura, poesia, literatura brasileira e clássicos estrangeiros.
Com o tempo, o catálogo da editora, famoso por edições caras, foi incorporando livros mais baratos. Um dos marcos dessa mudança, criado em 2012, foi a coleção Portátil, de livros de bolso.
Charles é sócio do empresário norte-americano Michael Naify. Os investimentos da editora estariam perto de R$ 70 milhões.
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