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Cena da série “The Pacific”, da HBO, na origem do livro homônimo. | Divulgação
Cena da série “The Pacific”, da HBO, na origem do livro homônimo.| Foto: Divulgação

É paradoxal, mas a melhor característica do livro “The Pacific – O Inferno a um Oceano de Distância” também é a sua pior.

E antes de explicar, vamos deixar claro: a obra não é “o livro que gerou a minissérie da HBO”, como consta na capa. Como o original americano informa, trata-se de um “companion book” (livro acompanhante) da série de 2010.

Esta foi na verdade baseada em livros de memória ou em biografias dos seus principais personagens, três fuzileiros navais que resumem a história da luta americana contra os japoneses na Segunda Guerra.

Explicando o paradoxo, agora. O livro segue uma tradição pouco antiga, mas revolucionária na história militar: ouvir o combatente. Tradicionalmente, esse gênero pouco levado a sério pelos acadêmicos descrevia batalhas, incensava ou detonava generais e almirantes, e descrevia o combate como se fosse um relatório de empresa.

O livro de Ambrose segue essas pegadas. É repleto de entrevistas e citações de memórias. Isso lhe dá realismo, interesse humano. Mas o pecado é não avaliar as declarações dos entrevistados.

“The Pacific – O Inferno a um Oceano de Distância”

Hugh Ambrose. Tradução de Milton Chaves de Almeida. Bertrand Brasil, 800 pp., R$ 80.

Rumores

Hugh Ambrose reproduz boatos dos combatentes sem colocá-los em contexto, sem explicar o que de fato aconteceu. Por exemplo, o rumor de que três couraçados japoneses tinham sido afundados. Isso nunca aconteceu; e Ambrose não elucida seus leitores.

Para piorar a vida do leitor brasileiro, há uma pletora de erros de tradução, especialmente de termos técnicos. Às vezes o tradutor verte “battleship” corretamente como “couraçado”; outras vezes eles viram meros “navios de guerra”.

A lista de erros é extensa. Há ainda uns misteriosos “antílopes” que surgem na página 124, um animal africano que certamente não habitava o sudoeste americano durante a Segunda Guerra.

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