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Homens carregam o caixão de Umberto Eco, no castelo Sforza, em Milão. | TIZIANA FABI/AFP
Homens carregam o caixão de Umberto Eco, no castelo Sforza, em Milão.| Foto: TIZIANA FABI/AFP

Centenas de italianos se despediram nesta terça-feira à tarde em Milão do grande intelectual Umberto Eco, “maestro da palavra” que morreu na sexta-feira (19), aos 84 anos.

O caixão simples de madeira do autor de “O nome da rosa”, coberto de flores do campo e rosas branca, deixou a residência do escritor, na Praça Castillo, número 13, em meio aos aplausos, em direção ao pátio do Castelo Sforzesco, a poucos metros de distância, onde se despediram a família, amigos e conhecidos.

Por vontade expressa do renomado intelectual, filósofo, semiólogo, linguista, historiador e escritor, a cerimônia foi estritamente laica e breve.

Durante a cerimônia, com a presença dos ministros da Educação e da Cultura, dos prefeitos de Milão e Turim e do ator Roberto Benigni, entre outros, foi tocada La Follia de Arcangelo Corelli, que Umberto Eco tocava com um clarinete na companhia do acordeonista Gianni Coscia.

Ator Roberto Benigni (centro) presta homenagem a Eco.TIZIANA FABI/AFP

“É difícil falar de Umberto Eco, um maestro da palavra, e uma figura tão importante para a cultura italiana”, declarou seu amigo e editor Mario Andreose.

“Eco é o símbolo do classicismo inovador que tanto precisamos. Perdemos um maestro, mas não perdemos sua lição. Estimado professor Eco, Umberto querido, esta não é uma despedida”, assegurou, emocionada, a ministra da Educação, Stefania Gannini.

Ao fim do funeral, que foi transmitido ao vivo pelo canal de televisão público RAI, o corpo de Eco foi conduzido para ser cremado em uma cerimônia privada.

Umberto Eco ganhou fama mundial com o livro “O Nome da Rosa”, um relato policial medieval e erudito, que foi adaptado para o cinema pelo diretor francês Jean-Jacques Annaud.

Nascido em 5 de janeiro de 1932 em Alexandria, Piemonte, norte da Itália, Eco era um grande intelectual, filósofo, semiólogo, linguista, historiador e escritor.

Casado com uma alemã, Eco, poliglota, escreveu dezenas de ensaios sobre temas diversos, desde a estética medieval até a poética de James Joyce, passando pela memória vegetal, James Bond ou a falsificação de obras de arte.

Seu último livro, “Pape Satan Aleppe”, será lançado na Itália na sexta-feira.

Um intelectual comprometidoUmberto Eco também era um homem comprometido politicamente. Sua última luta foi travada juntamente com outros escritores, para lançar uma nova editora, “La nave di Teseo”, para garantir o pluralismo editorial na Itália após a compra da RCS Libri pela Mondadori, de propriedade da família de Silvio Berlusconi, a quem sempre se opôs sem hesitação.

Comovida, sua amiga Elisabetta Sgarbi, diretora da editora que lançará na sexta o mais recente livro de Eco, lembra as palavras ditas a favor do projeto: “são um ato de liberdade”.

Seus parentes e amigos confidenciaram que Umberto Eco era, antes de tudo, “uma boa pessoa”, dotado de um amor incrível pelos demais, uma curiosidade insaciável, um senso de ironia permanente e “o desejo de se divertir e entreter os outros”.

Também falaram da “coragem para enfrentar os desafios mais difíceis”.

Seu neto Emanuele, de 15 anos, emocionou o público ao descrever seu avô, os livros e a música que ele o fez descobrir.

“Ter tido um avô como você me deixa muito orgulhoso”, confessou.

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