![Itália dá adeus para Umberto Eco Homens carregam o caixão de Umberto Eco, no castelo Sforza, em Milão. | TIZIANA FABI/AFP](https://media.gazetadopovo.com.br/2016/02/5ca9a373ffc26cfc1b96ebe552898fa7-gpLarge.jpg)
Centenas de italianos se despediram nesta terça-feira à tarde em Milão do grande intelectual Umberto Eco, “maestro da palavra” que morreu na sexta-feira (19), aos 84 anos.
O caixão simples de madeira do autor de “O nome da rosa”, coberto de flores do campo e rosas branca, deixou a residência do escritor, na Praça Castillo, número 13, em meio aos aplausos, em direção ao pátio do Castelo Sforzesco, a poucos metros de distância, onde se despediram a família, amigos e conhecidos.
Por vontade expressa do renomado intelectual, filósofo, semiólogo, linguista, historiador e escritor, a cerimônia foi estritamente laica e breve.
Durante a cerimônia, com a presença dos ministros da Educação e da Cultura, dos prefeitos de Milão e Turim e do ator Roberto Benigni, entre outros, foi tocada La Follia de Arcangelo Corelli, que Umberto Eco tocava com um clarinete na companhia do acordeonista Gianni Coscia.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2016/02/ab07c796f972fc9373b4151fbaf655af-gpMedium.jpg)
“É difícil falar de Umberto Eco, um maestro da palavra, e uma figura tão importante para a cultura italiana”, declarou seu amigo e editor Mario Andreose.
“Eco é o símbolo do classicismo inovador que tanto precisamos. Perdemos um maestro, mas não perdemos sua lição. Estimado professor Eco, Umberto querido, esta não é uma despedida”, assegurou, emocionada, a ministra da Educação, Stefania Gannini.
Ao fim do funeral, que foi transmitido ao vivo pelo canal de televisão público RAI, o corpo de Eco foi conduzido para ser cremado em uma cerimônia privada.
Umberto Eco ganhou fama mundial com o livro “O Nome da Rosa”, um relato policial medieval e erudito, que foi adaptado para o cinema pelo diretor francês Jean-Jacques Annaud.
Nascido em 5 de janeiro de 1932 em Alexandria, Piemonte, norte da Itália, Eco era um grande intelectual, filósofo, semiólogo, linguista, historiador e escritor.
Casado com uma alemã, Eco, poliglota, escreveu dezenas de ensaios sobre temas diversos, desde a estética medieval até a poética de James Joyce, passando pela memória vegetal, James Bond ou a falsificação de obras de arte.
Seu último livro, “Pape Satan Aleppe”, será lançado na Itália na sexta-feira.
Um intelectual comprometidoUmberto Eco também era um homem comprometido politicamente. Sua última luta foi travada juntamente com outros escritores, para lançar uma nova editora, “La nave di Teseo”, para garantir o pluralismo editorial na Itália após a compra da RCS Libri pela Mondadori, de propriedade da família de Silvio Berlusconi, a quem sempre se opôs sem hesitação.
Comovida, sua amiga Elisabetta Sgarbi, diretora da editora que lançará na sexta o mais recente livro de Eco, lembra as palavras ditas a favor do projeto: “são um ato de liberdade”.
Seus parentes e amigos confidenciaram que Umberto Eco era, antes de tudo, “uma boa pessoa”, dotado de um amor incrível pelos demais, uma curiosidade insaciável, um senso de ironia permanente e “o desejo de se divertir e entreter os outros”.
Também falaram da “coragem para enfrentar os desafios mais difíceis”.
Seu neto Emanuele, de 15 anos, emocionou o público ao descrever seu avô, os livros e a música que ele o fez descobrir.
“Ter tido um avô como você me deixa muito orgulhoso”, confessou.
Deixe sua opinião