Poesia crua, em três acordes é matéria-prima do livro “Punkpoemas” feito a quatro mãos pelo escritor Luiz Claudio Oliveira e pelo artista gráfico Osvalter Urbinati.
O volume, publicado pela Nossa Cultura, será lançado nesta quinta-feira (20) na Livraria Arte e Letra.
O livro reúne textos escritos por Oliveira (ou “Lobão”, como é mais conhecido) entre 2006 e 2012 em um blog com o mesmo nome do livro que serviam, segundo o autor, de “respiro poético” para um emprego aborrecido.
“Me obrigava a produzir e publicar sempre para buscar esse prazer que só existe na literatura”.
Mãe e filho olham o muro
Ela fora/ Ele dentro
Ela sente culpa pelo alívio
Ele faz planos para matá-la.
Lobão explica que o nome da empreitada é inspirado na ética punk do “faça você mesmo”. “Não é tanto a atitude punk violenta, a botinada. A ideia é que você tem que fazer, mesmo que não tenha tempo, mesmo que seja só com três acordes, sem saber se alguém vai querer ler”, explica.
Ainda que tenha testemunhado o nascimento do punk rock em Curitiba (por aqui, o movimento aconteceu na década de 1980), como jornalista e correspondente da revista “Bizz”, Lobão diz que nunca foi punk.
Ele reflete, porém, que a proximidade com os “poetas pop” daquela geração, como Marcos Prado e Thadeu Wojciechowski, o influenciaram para “romper a fronteira entre a prosa e a poesia e escrever de um jeito mais simples, menos erudito, para todo mundo ler”.
Luiz Claudio Oliveira (poemas) e Osvalter Urbinati (ilustrações). Nossa Cultura, 112 pp., R$ 35. O lançamento do livro será nesta quinta-feira (20), às 19 horas, na Livraria Arte e Letra (Al. Presidente Taunay, 130 – Batel), (41) 3223-5302. Entrada gratuita.
Depois de sete anos com o blog no ar, Lobão achou que tinha material para um livro. O projeto tomou outra dimensão quando ele fez o convite para o artista gráfico Osvalter Urbinati ilustrá-lo. “A força dos desenhos era tão grande que ele virou o coautor do livro”, diz.
Osvalter conta que sofreu para começar o trabalho. “Nunca tinha ilustrado poemas, não conhecia padrões ou referências. Pensei: como se faz poesia? A gente se entrega, tem que deixar o sentimento envolvido aparecer, despejar mesmo”, diz Urbinati. “Decidi usar então meus três acordes: bico de pena, lápis e conta-gotas. Acho que funcionou.”
Três papéis
O design e a editoração do livro são capítulo à parte.
Feita pelo designer gráfico Lucio Barbeiro com um acabamento especial que lembra os fanzines mimeografados dos anos 1980.
O volume tem três tipos de papel e páginas que se desdobram para que alguns textos mais longos e as impressionantes ilustrações de Urbinati não precisassem ser quebrados em páginas diferentes.
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