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“O grito”, de Edvard Munch, roubado em 1994 em Oslo. | Divulgação
“O grito”, de Edvard Munch, roubado em 1994 em Oslo.| Foto: Divulgação

Na tarde do dia 24 de fevereiro de 2006, uma sexta-feira, o Bloco das Carmelitas arrastava milhares de foliões pelas ruas de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, quando quatro homens realizaram, no mesmo bairro, o maior roubo a museu da história do Brasil.

Crimes são mais comuns durante grandes eventos

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Após render os três seguranças e um funcionário do Museu Chácara do Céu, além de cinco visitantes, o grupo levou quatro quadros de Claude Monet, Henri Matisse, Pablo Picasso e Salvador Dalí, avaliados em mais de US$ 10 milhões. Um livro de gravuras de Picasso também foi levado.

Nos últimos cinco anos, a jornalista Cristina Tardáguila se debruçou sobre o caso. Revisou todos os passos da investigação, conversou com especialistas estrangeiros em roubo de arte e descobriu que a principal barreira para que o crime fosse solucionado foi a falta de interesse das instituições brasileiras.

Museu

A casa onde funciona a Chácara do Céu pertenceu ao mecenas Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968) e foi transformada em museu em 1972. O acervo conta com 22 mil peças ao todo.

Em “A arte do descaso” (Intrínseca), Cristina mostra que pistas importantes nunca foram investigadas e procedimentos foram ignorados pela Polícia Federal.

Por exemplo: três dos visitantes mantidos reféns nunca foram interrogados e a análise das digitais colhidas na cena do crime jamais foi incluída no inquérito, que continua em aberto.

A arte do descaso

Cristina Tardáguila. Intrínseca, 192 pp. R$ 39,90.

Um outro roubo à instituição ocorrido em 1989, quando o mesmo Picasso foi levado e depois recuperado, também foi ignorado.

“Ao ler o inquérito, percebi que a maior dificuldade do caso era institucional. A mesma delegacia que investiga crimes contra o patrimônio cultural também é responsável por crimes ambientais. Já o Ministério Público Federal esperava que eu viesse com as respostas”, lembra Cristina.

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