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Um livro do século 19 que inspirou o feminismo nos anos 1970 ganha versão brasileira pelas editora José Olympio. “O papel de parede amarelo”, da norte-americana Charlotte Perkins Gilman, conta a história de uma mulher confinada ao seu quarto para curar uma “depressão nervosa”. Ao ser coibida de qualquer esforço físico e mental, acaba ficando obcecada pela estampa do papel de parede de seu quarto – e enlouquecendo de verdade.

A obra foi tida por muito tempo como um drama mórbido ao estilo de Edgar Allan Poe, até sua redescoberta pelo movimento feminista, cuja leitura da obra passa pela opressão das mulheres em geral. A edição que chega às livrarias inclui um ensaio de 1973 da educadora Elaine Ryan Hedges, e prefácio inédito da filósofa Marcia Tiburi.

“A heroína do conto está entregue ao sofrimento psíquico. O marido, investido da posição de senhor e guia, controla o estado mental e físico da esposa. Médico, ele representa a ciência, o mundo racional, contraposto à irracionalidade da histeria, da qual a heroína seria portadora em ‘grau leve’”, analisa Tiburi. “A histeria como doença feminina é a ideologia do homem no contexto de uma evidente política sexual. Nesse contexto, a invalidez da mulher é um fator necessário para o bom funcionamento do controle a ser exercido sobre ela”.

Autora

A trama partiu de uma experiências da própria autora, submetida a tratamento semelhante em seu primeiro casamento, período em que sofreu de ansiedade e foi impedida até de escrever.

Mais tarde, Charlotte escreveu outro livro que se tornou uma referência feminista, ‘’Women and Economics’’.

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