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Persistência é uma boa palavra para explicar por que terminei de ler Até Você Ser Minha, de Samantha Hayes, um livro que me deixou extremamente irritada do começo ao fim.

Eu poderia ter desistido ao me deparar com a seguinte frase, na terceira página: “ter um bebê, decidi, seria a missão da minha vida”.

Claro que existe muita gente que ainda pensa assim, mas estamos em 2015 e grande parte do livro fez eu me sentir como se estivesse vivendo séculos atrás.

Eu li a tal frase, achei que não era nada demais e que a história poderia melhorar ao longo do caminho. Mas, basicamente, me enganei.

Usar o verbo “ter” me incomoda muito. Afinal, ser mãe é muito mais do que possuir uma criança.

Claudia Morgan-Brown é a esposa de um marinheiro, está esperando um bebê e cuida de gêmeos órfãos, na ausência do marido.

Pouco antes de James ir para uma missão que o deixaria meses longe de casa, eles decidem contratar uma babá, Zoe.

Com o passar dos dias, Claudia começa a se sentir insegura e não confia na babá, ao mesmo tempo que começam a acontecer assassinatos de grávidas na região.

Livro

Até Você Ser Minha

Samantha Hayes. Tradução de Domingos Demasi. Intrínseca, 336 pp., R$ 39,90.

A maioria das personagens é de mulheres de personalidade fraca, com historinhas meia-boca, o que torna difícil se identificar com elas.

A trama não é muito bem amarrada e nem o casal de policiais, que investiga os crimes contra as grávidas, é cativante. Pelo contrário, o clichê de mulher traída se sentindo culpada e se achando fraca por não conseguir manter o marido é patético e a vontade de abandonar o livro aumenta a cada frase da policial – como essa: “Divulgar a fraqueza do marido significaria que ela também era fraca; que não fora capaz de mantê-lo. A pergunta era: por quanto tempo ela manteria o sigilo”.

Tudo pelo que torci foi um ato de coragem e sensatez, mas a autora Samantha Hayes faz questão de manter tudo morno no decorrer da história. “Ela não podia desistir dele. Aquela família tinha sido a obra de sua vida.” E foi aí que senti vontade de jogar o livro na parede.

Em tempos de mulheres empoderadas, todas as personagens do livro são fracas, inseguras e transbordam monotonia.

Ao que me parece, nenhuma delas está no controle de sua vida, são sempre muito dependentes de alguém. Eu, como leitora, preciso de personagens que me inspirem, que me ensinem alguma lição, ou que ao menos me deixem curiosa. Nada.

Mas o livro tem dois pontos altos, o de virada (não me diga) e o epílogo, beeeeeem lá no finalzinho. Então a dica que eu dou, se já não deixei você com má vontade, é: não olhe, de jeito nenhum, a última página. Essa espiadinha pode acabar com a única graça que o livro tem.

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