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É uma trama que quase poderia ter vindo do romancista japonês Haruki Murakami, popular autor conhecido por escrever sobre a desilusão e um dos principais nomes cotados para o Prêmio Nobel de Literatura há quase uma década - em vão.

Para a decepção dos fãs que se reuniram em Tóquio, o azar persistiu mais uma vez nesta quinta-feira, apesar de Murakami ter sido classificado como número 2 no site de apostas britânica Ladbroke’s. O prêmio foi para a bielo-russa Svetlana Alexijevich.

“Isso é realmente muito ruim. Pensei que este ano ele iria conseguir”, disse um homem na casa dos 30 anos, reunido com um grupo de cerca de 40 pessoas em um santuário em um bairro de Tóquio frequentada por Murakami em sua juventude. “Quando ouvi a notícia, as lágrimas começaram a jorrar.”

Em um post num blog este ano, o recluso Murakami, 66 anos, que viveu grande parte da vida num exílio autoimposto longe do Japão, descreveu seu perene estado de “quase lá” na corrida para o Nobel como sendo “um pouco incômodo”.

Sua carreira inclui obras como Norwegian Wood, Caçando Carneiros e O incolor Tsukuro Tazaki e seus Anos de Peregrinação, um best-seller instantâneo que tinha fãs na fila à meia-noite quando foi lançado. Ele também escreveu não-ficção, incluindo um livro sobre corrida, uma de suas paixões.

Com sua obra traduzida em pelo menos 50 idiomas, é um dos romancistas japoneses vivos mais conhecidos no mundo.

Mas o Nobel sempre lhe escapou, apesar das especulações alimentados por apostadores no exterior e as esperanças de literatos japoneses, que gostariam de ver o país ganhar um terceiro prêmio de literatura. O último foi para Kenzaburo Oe, em 1994.

Fãs no Japão vem se reunindo há anos na noite do anúncio do Nobel para aguardar ansiosos a notícia. Em alguns casos, lendo obras de Murakami em voz alta até o momento fatídico.

Alguns entusiastas de Murakami veem uma semelhança com a trajetória do time de beisebol favorito dele, o Yakult Swallows, que só conquistou seu primeiro campeonato depois de 14 anos.

Diz a lenda que Murakami pensou pela primeira vez que poderia escrever um romance quando assistia a um jogo do Yakult Swallows. A caminho de casa, ele comprou papel e uma caneta-tinteiro e começou a escrever naquela noite.

“Acho que ele está ficando mais perto a cada ano”, disse Takahashi Atsuko, de 74 anos, que acompanhava no santuário.

“Talvez porque o Japão ganhou o Nobel de Ciência este ano, fomos preteridos em literatura.”

Os cientistas japoneses Satoshi Omura e Takaaki Kajita estavam entre os vencedores dos prêmios de Medicina e Física, respectivamente, concedidos esta semana.

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