
O livro póstumo “Gratidão” reúne quatro textos de Oliver Sacks, um sobre a velhice e três sobre a morte, todos publicados originalmente pelo jornal “The New York Times”.
O primeiro, “Mercúrio”, foi escrito pouco antes de o autor de “Enxaqueca” fazer 80 anos, em 2013, e fala de maneira franca sobre como é viver com oito décadas nas costas.
Os outros três funcionam como um testamento do neurologista escritor, em que faz um balanço da própria vida, revisita o passado e decide como quer passar o pouco tempo que ainda tem.
“Quanto a mim, não creio em (nem desejo) uma existência após a morte, exceto na memória dos amigos e na esperança de que alguns dos meus livros ainda possam ‘falar’ às pessoas depois que eu morrer.”
A notícia de que Sacks havia sido diagnosticado com câncer metastático no fígado se tornou pública no início de 2015 – ele soube no fim do ano anterior, pouco depois de entregar para publicação as memórias “Sempre em Movimento”.
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As poucas páginas de “Gratidão”, numa edição elegante em capa dura e formato menor que o de um livro comum, têm uma urgência que não existe nas memórias. Nestas, Sacks observa tranquilo sua carreira e sua obra, às vezes até descambando para a autoimportância.
Nos textos para o “New York Times”, o tom é de humildade e de gratidão – palavra perfeita para o título do livro, editado com o apoio de Bill Hayes, companheiro do escritor em seus últimos sete anos, e Kate Edgar, secretária dele por décadas.
A urgência diz respeito a como viver o fim. “Desejo e espero, no tempo que ainda me resta, aprofundar minhas amizades, dizer adeus àqueles a quem amo, escrever mais, viajar, se tiver forças, atingir novos patamares de compreensão”, escreve Sacks.
“Será preciso audácia, clareza e franqueza; tentar pôr em ordem as minhas contas com o mundo. Mas haverá tempo, também, para alguma diversão (e até um pouco de bobagem).”
Oliver Sacks. Tradução de Laura Teixeira Motta. Companhia das Letras, 64 pp., R$ 29,90.
Ele fala assim, com franqueza e simplicidade, ao longo dos textos. Admite que sente medo, lamenta o cansaço, reconhece a felicidade que sentiu ao assumir publicamente que é gay (o que fez no livro de memórias).
Citando Freud, Sacks diz que amar e trabalhar são as duas coisas mais importantes da vida. Ele amou e trabalhou. “Acima de tudo, fui um ser senciente [que sente], um animal que pensa, neste belo planeta, e só isso já é um enorme privilégio e uma aventura.”
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