Quando se escreve sobre o romancista americano James Salter (1925-2015), não raro alguém lembra dos elogios que alguns colegas fizeram sobre sua literatura.
Lançamento
James Salter, tradução José Rubens Siqueira. Cia. das Letras. 376 pp. R$ 44. Romance.
Susan Sontag, Philip Roth ou Bret Easton Ellis nunca pouparam elogios. Antes, Graham Greene usou sua influência para que ele fosse publicado na Inglaterra e Vladimir Nabokov escreveu mais de um texto reconhecendo seu talento de ficcionista.
Não tão lido como alguns de seus fãs, Salter é mais conhecido como “o escritor que os escritores gostam”. Há duas semanas, foi o presidente norte-americano Barack Obama quem anunciou que levaria para suas férias um exemplar do romance “Tudo O Que É”, o último publicado por Salter e lançado no Brasil em julho pela Companhia das Letras.
Arrisco dizer que Obama vai deixar de lado a biografia de George Washington ou livros sobre o aquecimento global e geopolítica até terminar de ler a história do soldado americano Philip Borman, que após sobreviver a ataques kamikazes na 2ª Guerra Mundial volta aos Estados Unidos para viver o segundo ato possível da vida de um veterano.
Salter passa então a narrar a anticlimática jornada deste homem que de herói não tem nada. As décadas seguintes de sua vida passam angustiantemente lentas: casamento, carreira, divórcio, velhice. Da glória militar perdida, chegando à insignificância pelo caminho da desilusão amorosa.
Não há grandes acontecimentos ou reviravoltas. Salter sabe fazer com que os pequenos fatos rimem com outros de mesma dimensão, criando um ritmo narrativo poético e grandioso que talvez seja o que fascina os colegas.
Biografia
James Salter nasceu em Nova Jersey em 1925. Foi soldado na Guerra da Coreia (1950-1953) , experiência que conta em seu romance de estreia, “The Hunters”, publicado em 1956. Morreu de enfarte em junho de 2015, aos 90 anos.
Ou talvez seja a capacidade de escrever no tempo presente algo que são claramente memórias de um homem que viveu muito tempo e está perto da morte.
Quem sabe é a prosa costurada em frases concisas, às vezes cortantes, em elegantes elipses de tempo e ponto de vista. Um dos grandes textos americanos do século 21. Eu gostei muito. Tenho certeza que você e Obama também vão gostar.
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