Dois mil e quatorze pode ser considerado a prova de fogo do Litercultura, o festival de literatura dividido em capítulos, que completa dois anos e sobreviveu bem a um ano tumultuado.
E mais: parte para 2015 com um novo curador, o jornalista cultural Manuel da Costa Pinto, que substitui o escritor Mário Hélio Leite.
Manuel tem cartaz no meio literário. Foi curador da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e da programação literária da Feira de Frankfurt, na Alemanha. Tem passagens pela Folha de S.Paulo, onde foi colunista do caderno "Ilustrada", e criou e editou a revista Cult.
"Ele tem uma vasta experiência em feiras literárias de grande porte. Escritor e ensaísta, conhece muito bem a produção atual e a dinâmica de encontros e festivais literários no Brasil e fora dele. Escolhê-lo foi muito natural, uma vez que, além do currículo e de todas as capacidades, nos conhecemos há algum tempo e o diálogo foi sempre muito fluido e enriquecedor", afirma a diretora Manoela Leão.
A temporada do Litercultura 2014 começou em maio, com destaque para o carismático Sérgio Rodrigues e O Drible, um grande livro sobre futebol.
A se considerar, a localização: o Teatro Paiol, carente de tradição em eventos literários. O segundo capítulo trouxe à Capela Santa Maria o arrasa-quarteirão português Valter Hugo Mãe. Se pá, havia gente até no lustre.
O terceiro episódio, em outubro, foi voltado à poesia e ao flamenco, tendo como destaque o cantaor e antropólogo Manuel Llorente. Diferente.
A última etapa de 2014, com extensa programação de quatro dias, fechou no último domingo com o irreverente Antonio Skármeta e presença de público de médio para bom.
"Em 2013, sentimos já a necessidade de dividir o evento em capítulos e neste segundo ano assumimos esse formato que vem sendo a nossa marca. Me parece inédito que um festival literário crie ciclos de encontros em meses alternados até chegar na programação mais intensa de quatro dias. É um estilo muito próprio e conseguimos manter, por todo o ano, uma combinação bem interessante", diz a produtora Manoela Leão.
Ano atípico
O Litercultura teve de lidar com um ano atípico, em meio a uma Copa do Mundo, protestos, eleições e instabilidade econômica. O festival procurou não ignorar esses fatos e abriu espaço para eles na programação.