O acirrado debate entre o agronegócio e o ambientalismo, que deve ser travado durante a MOP3, foi antecedido na última quinta-feira pelo lançamento, em Curitiba, de um livro polêmico que põe mais fogo ainda nessa disputa. "Máfia Verde 2: ambientalismo, novo colonialismo", da Editora Capax Dei, defende a tese de que a causa ambiental internacional é manipulada pela oligarquia do Primeiro Mundo para prejudicar o desenvolvimento de nações como o Brasil, que pode ameaçar seus interesses hegemônicos atuais.
A manipulação da causa ambiental em benefício dos países desenvolvidos ocorreria por meio da implantação de restrições, nas nações em desenvolvimento, do uso de tecnologias alegadamente nocivas à natureza, sem que isso tenha plena comprovação científica, bem como pelo impedimento do acesso a seus recursos naturais e da implementação de grandes projetos de infra-estrutura, sob o pretexto da preservação da natureza.
O engenheiro Nilder Costa, um dos autores do livro, afirma que a polêmica que envolverá os transgênicos na MOP exemplifica o que ele chama de "apartheid científico", ao qual o Brasil estaria sendo submetido e que teria por objetivo afastar o país da posse de tecnologias de ponta.
Costa diz que a posição defendida pelos ambientalistas, ao dificultar a produção e a pesquisa de transgênicos no país, vai diminuir a competitividade agrícola do Brasil em relação aos seus grandes concorrentes internacionais na exportação de grãos. Quem ganhará com as posições radicais do movimento ambiental em relação ao Brasil, afirma ele, será justamente países como os Estados Unidos, o Canadá, a Argentina e a Austrália que não fazem parte do Protocolo de Cartagena e que não se submeterão a suas regras. Já os países europeus, que não exportam grãos, defendem as restrições.
Colonialismo
"O ambientalismo é uma nova forma de colonialismo", sintetiza o jornalista Lorenzo Carrasco, outro autor de "Máfia Verde 2". Para ele, um exemplo típico de que a preocupação ambientalista no país é manipulada seria o fato de que nenhuma ONG internacional está devotada a combater o que ele considera o principal problema ambiental brasileiro: a falta de saneamento básico. O livro, que ainda tem como autores Geraldo Luís Lino e Sílvia Palácios, está à venda nas Livrarias Curitiba. (FM)
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