A escritora americana Mary Gabriel esteve no Rio de Janeiro neste domingo para o lançamento da biografia "Amor & Capital: A saga familiar de Karl Marx e a história de uma revolução", que apresenta a figura íntima do teórico alemão considerado o fundador da doutrina comunista.
Em entrevista exclusiva à Agência Efe, a autora revelou que passou oito anos escrevendo o livro, finalista do Prêmio Pulltizer de 2012, na categoria biografia ou autobiografia. Mary se debruçou sobre as relações familiares de Marx com sua mulher Jenny Von Westphalen e as duas filhas.
"Se você pensar a respeito de qualquer grande pensador ou grande líder, você o conhece primeiro como a figura pública. Mas quando você vê por trás das cortinas e entende a vida que eles levavam, seus assuntos particulares, o que eles fizeram em público fica muito mais interessante. Fiquei muito mais inspirada por ele", explicou Mary.
A escritora ressaltou que Marx vivenciou as teorias que escreveu, e que mudaram significativamente a visão de mundo de muitos intelectuais e políticos. O alemão, autor de "O Capital" e "Manifesto Comunista", sofreu com as diferenças de classe, com a pobreza e com a mortalidade infantil.
Mary Gabriel comentou a recente onda de protestos que aconteceram no Brasil. Ela afirmou que este é um momento de mudanças no país, principalmente de mentalidade, e que as reivindicações dos manifestantes nas ruas realmente se aproximam das que Marx teorizou no século 19.
"Basicamente, Marx pensava que qualquer homem ou mulher deveria ter voz no governo. E a função dos governantes era de servir ao povo. Muitos governos desenvolveram uma espécie de poder invertido, especialmente em sociedades capitalistas, onde eles falam ao povo o que fazer. Acho que o povo está acordando para isso, de que é realmente possível fazer algo", disse.
Sobre a atual situação de países com governos de esquerda ou que adotaram de alguma forma o sistema socialista, Mary afirma que ainda pode acontecer a formação de um novo bloco, mas diferente dos que surgiram após a Segunda Guerra Mundial. Para ela, as novas formas de comunicação exigem um novo modelo.
"É preciso criar um novo jeito de se governar, por que há uma nova forma de comunicação, que ultrapassa fronteiras. Talvez chamemos isso de socialismo, ou de capitalismo, ou comunismo. Mas com certeza eles não vão se parecer com esses conceitos dos séculos 19 e 20", explicou.
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