Protagonista do romance The Middlesteins, Eddie tem um apetite incontrolável. O que constituía a única fonte certa de felicidade tornou-se o seu suicídio gradual. Obesa e diabética, Eddie engorda sem parar, enquanto sua família fragmenta-se.
"Se alguém tem um problema com comida se come muito ou pouco , existe um reconhecimento imediato. É um julgamento à primeira vista", diz Jami Attenberg, 41 anos, autora de The Middlesteins (Grand Central Publishing, 288 págs., US$ 24,99).
A escritora norte-americana foi "gordinha" quando criança e considera a compulsão alimentar "um tema literário fértil". "Eu sempre amei comer e gostaria de abordar sem preconceito hábitos alimentares problemáticos", conta. "O inimigo de Eddie não é a comida. É a relação dela com o ato de comer."
Attenberg recebeu elogios da imprensa dos Estados Unidos e de romancistas como Jonathan Franzen ao apresentar um enredo que demonstra compaixão por um personagem afetado pela obesidade, considerada uma epidemia naquele país.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos dois terços dos norte-americanos têm sobrepeso e 36% são obesos. No Brasil, mais de 53% das pessoas têm sobrepeso, enquanto quase 20% são obesas.
The Middlesteins aborda os custos emocionais e sociais do excesso de peso. Para Maureen Corrigan, professora da Universidade Georgetown, Attenberg é pioneira na ficção norte-americana por criar uma protagonista obesa.
"Livros de chick lit [literatura de mulherzinha], como Best Friends Forever, de Jennifer Weiner, já apresentaram personagens gordos que emagrecem ao longo da história", diz Corrigan. A diferença de The Middlesteins é que "a sua autora mostra-se compreensiva com Eddie, mas não absolve a responsabilidade da personagem por seu peso e saúde".
A abordagem de Attenberg destaca-se se comparada a documentários e reality shows lançados na última década.
Após Super Size Me A Dieta do Palhaço (2004), de Morgan Spurlock, que se alimentou só de McDonalds por um mês, surgiram Forks over Knives (2011) e The Weight of the Nation (2012). Baseados em pesquisas científicas, os filmes falaram dos efeitos de uma dieta balanceada e do excesso de peso.
Attenberg procurou um enfoque diferente com o auxílio de duas ficções: Olive Kitteridge, de Elizabeth Strout, e As Correções, de Jonathan Franzen. Ambos, ela explica, "inventaram histórias de famílias pequenas e as fizeram ser universais".
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