Fale de sua aldeia e falará ao mundo, dizia o romancista russo Leon Tolstói. Assim fez Annie Proulx, em 1997, ao publicar o conto "Brokeback Mountain" na conceituada revista americana "The New Yorker". A escritora, hoje uma senhora com 70 anos, sempre viveu em uma região rural do Wyoming, estado conservador no centro-oeste dos Estados Unidos. O mesmo cenário da história de amor impossível transformada em um dos filmes mais celebrados da atualidade.
Proulx (pronuncia-se "prul") quis falar do amor de uma aldeia cheia de caubóis de Marlboro e falou do amor no mundo. A história de Ennis Del Mar e Jack Twist levada ao cinema por Ang Lee acabou arrebatando platéias em todo o planeta e é favorita ao Oscar de melhor filme e mais outras sete estatuetas, incluindo roteiro adaptado.
No embalo do sucesso do longa, a editora Intrínseca lança no Brasil o livro com o conto que inspirou o filme "O segredo de Brokeback Mountain" ( veja como ganhar um exemplar ). Proulx - vencedora do Pulitzer de ficção pelo livro "The shippings news" - mostra o poder de corrosão do medo e do amor em palavras e frases certeiras em menos de 70 páginas.
Segundo Proulx, o conto não foi inspirado em nenhuma história real. "'Brokeback é fruto de observação da homofobia na terra do Grande Vaqueiro Nobre e Puro", diz ela em seu site pessoal. Muito assediada depois do sucesso do filme de Ange Lee, Proulx não dá mais entrevistas por estar "comprometendo sua rotina de escritora".
Sobre a adaptação de seu conto, ela diz que evitou visitar o set e quando viu o filme o achou "irretocável". "Tive medo de que o cenário se perdesse, de que o sentimentalismo se infiltrasse, de que o conteúdo sexual explícito se diluísse. Nada disso aconteceu", escreve ela no site.
Os espectadores de "O segredo de Brokeback Mountain" podem notar algumas pequenas diferenças entre Ennis Del Mar e Jack Twist das páginas e das telas. Os imaginados por Annie Proulx estão longe da beleza dos atores Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, intérpretes dos caubóis gays.
No conto, Jack é baixo, dentuço, de cabelos enrolados e tinha "pneus" na cintura que só aumentaram com o passar dos anos. Ennis, por sua vez, é alto e magrelo, de rosto fino, nariz torto e as pernas arqueadas típicas de caubói. Imagine se fossem assim para as telas? Não conquistariam tantos fãs...
Essas são as pequenas diferenças entre o conto original de Proulx e seu roteiro para o filme de Lee. Mas tanto um quanto o outro abolem clichês do Velho Oeste e nos levam a embarcar na triste trajetória de um caso de amor entre dois homens que não podiam se dar ao luxo de chamar assim sua relação.
INTERATIVIDADE:
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