Catástrofes
Conheça outras tragédias brasileiras que viraram filmes e livros:
Naufrágio do Príncipe de Astúrias Ilhabela (SP)
O acontecimento ganhou reputação como o "naufrágio do Titanic brasileiro". Em 1916, o navio espanhol Príncipe de Astúrias naufragou no litoral de São Paulo, em Ilhabela. Oficialmente, o número de mortos passou de 400. O fato rendeu um livro de José Carlos Silvares e Luiz Felipe Moura, Príncipe de Astúrias (Magma Cultural, 2006) e um documentário, dirigido por Edu Sallouti, chamado Naufrágio O Mistério do Navio Príncipe de Astúrias (2010).
Incêndio do Edifício Joelma São Paulo
Em 1974, o incêndio do Edifício Joelma abalou o Brasil pelas imagens de pessoas, em desespero com as chamas, se jogando do alto do prédio. Cerca de 180 pessoas morreram. Depois de Chico Xavier escrever o livro Somos Seis, psicografando a história de jovens sobreviventes da tragédia, o cineasta Clery Cunha resolveu levar o acontecimento às telas em Joelma 23º Andar (1980).
Acidente com o Césio-137 Goiânia
Dois homens encontram um aparelho de radioterapia num hospital goiano e o desmontaram para revender a um ferro velho. O fato, que ocorreu em 1987, desencadeou o maior acidente radioativo da história do Brasil o caso do Césio-137. O acontecimento virou o filme Césio 137 O Pesadelo de Goiânia (1990), de Roberto Pires, e foi objeto de diversos livros, um deles assinado por Fernando Gabeira.
Serviço
O Espetáculo Mais Triste da Terra, de Mauro Ventura. Companhia das Letras, 318 págs. R$ 41,40. Livro-reportagem.
Em 1961 ocorreu em Niterói, no Rio de Janeiro, uma das maiores tragédias em ambiente fechado da história do Brasil. No dia 17 de dezembro daquele ano, em menos de dez minutos, um incêndio acabou com a matinê de domingo do Gran Circo Norte-Americano. Estima-se que aproximadamente 500 pessoas tenham morrido.
O acontecimento, que nunca havia sido narrado em detalhes (sem contar um episódio do programa Linha Direta Justiça, da TV Globo, exibido em 2006), é o objeto de investigação do livro-reportagem O Espetáculo Mais Triste da Terra, de Mauro Ventura. O trabalho, fruto de dois anos e meio de esforço do autor, chegou às livrarias no mês passado.
Ventura resolveu aproveitar o cinquentenário do incêndio e escrever seu primeiro livro. Ao longo de 300 páginas, o repórter do jornal O Globo e filho do também jornalista Zuenir Ventura resgatou a memória das vítimas do triste acidente.
"Quando comecei a pesquisa, descobri que as vítimas mantinham seus envolvimentos no incêndio em sigilo. Era muito doloroso para elas falarem sobre o assunto", conta Ventura. Ele revela que parte de sua motivação era contar a história da tragédia para novas gerações. "Depois da publicação, soube que filhos de sobreviventes devoravam o livro porque nunca tinham ouvido os pais falarem sobre o incêndio."
Personagens
Ao longo de sua pesquisa, o autor ouviu cerca de 150 pessoas, entre vítimas, médicos e especialistas. Chegou a revisitar a vida de personagens importantes da história do Rio de Janeiro. Em especial, do Profeta Gentileza e do cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Gentileza ficou famoso por abandonar a família depois do incêndio e viver como um ermitão, escrevendo mensagens pacifistas em viadutos fluminenses. "Ele viu na tragédia uma metáfora para a crise do mundo capitalista e passou o resto da vida se contrapondo a esse modelo", explica o jornalista.
Pitanguy é tratado no livro com uma pitada de controvérsia. O cirurgião ficou famoso por sua participação na recuperação das centenas de vítimas queimadas no circo através do transplante de enxertos de pele importados dos Estados Unidos. Mas sua presença ofuscou a participação de dezenas de outros profissionais. "Um dos objetivos do livro é fazer justiça a uma geração de médicos brilhantes que se doaram para ajudar os sobreviventes do incêndio e que foram esquecidos diante da imagem de Ivo", revela Ventura.
Na matinê em que ocorreu o incêndio, cerca de 3,1 mil pessoas estavam dentro do Gran Circo Norte-Americano. Até hoje não se sabe quantas vítimas morreram em decorrência da tragédia nem quem são os responsáveis por ela embora, na época, duas pessoas tenham sido presas pelo crime. A narração da tragédia já rendeu a Mauro Ventura conversas sobre adaptações para o cinema. "As pessoas têm falado que o livro tem uma linguagem cinematográfica. Mas ainda vou esperar um pouco para entrar nessas discussões."
OpiniãoHabilidade na reconstituição dos fatos
Rodolfo Stancki, repórter
Em seu primeiro livro, Mauro Ventura demonstra paixão pela narrativa jornalística. Além de ter como pai o mestre Zuenir Ventura, o autor é dono de um Prêmio Esso pela reportagem "Tribunal do Tráfico", de 2008. A leitura de O Espetáculo Mais Triste da Terra, lançado em novembro, impressiona pela habilidade do jornalista na reconstituição de uma tragédia que aconteceu há 50 anos.
O Gran Circo Norte-Americano, objeto de investigação da obra, pegou fogo numa lotada matinê de domingo, em 1961. O número oficial de mortos beira os 500, a maioria crianças. Com um tema desses, o leitor não podia ser poupado de certa carga emocional. E Ventura não facilita, carregando a narrativa de detalhes sobre os queimados jogados em leitos improvisados em hospitais lotados.
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