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Ícone mundial da arquitetura moderna, em plena atividade aos 103 anos de idade, Oscar Niemeyer acaba de lançar um livro que reúne os projetos que fez de templos religiosos, uma parcela importante de sua vasta obra. As Igrejas de Oscar Niemeyer, lançado nessa semana, na galeria de arte da filha do arquiteto, Anna Maria Niemeyer, traz imagens coloridas de 16 catedrais, igrejas, capelas e outros templos projetados pelo mais importante arquiteto brasileiro, executados ou não.

Niemeyer, que sempre se declarou ateu convicto e comunista, faz no livro um relato emocionante da influência da religião em sua infância e de como isso fez com que se tornasse familiar, para ele, projetar igrejas. "Nasci em uma família muito religiosa. Meu avô era religioso. Na casa onde eu morei, tinha cinco janelas, uma delas transformada em oratório pela minha avó. Tinha missa lá em casa. Era uma coisa muito natural", conta.

Fazem parte do livro desde a pioneira Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, projeto de 1940, às recentes catedrais católica e batista do Caminho Niemeyer, expressivo conjunto de obras do arquiteto que está sendo construído em Niterói (RJ). As linhas ousadas da Igreja da Pampulha, consagrada a São Francisco de Assis e decorada com painéis de Cândido Portinari, escandalizaram as autoridades eclesiásticas da época, que, durante 14 anos, proibiram a realização de cultos no local.

No final dos anos 1950, Niemeyer já não enfrentava essa rejeição ao projetar, juntamente com os vários edifícios públicos de Brasília, a Catedral da nova capital, a Capela do Palácio da Alvorada e a Capela Nossa Senhora de Fátima. Anos mais tarde, ainda em Brasília, ele teve executados seus projetos da Igreja Ortodoxa (1986) e da Catedral Militar (1992).

Fora do Brasil, levam sua assinatura os projetos – não executados até agora – de uma mesquita em Argel, capital da Argélia, e de uma capela em Potsdam, na Alemanha. Merece destaque ainda, no livro, outro recente projeto para o Brasil, a Catedral do Cristo Rei, em Belo Horizonte.

Juntamente com o livro, foi lançado o número 10 da revista Nosso Caminho, publicação dirigida por Oscar Niemeyer e sua esposa, Vera Lúcia. Essa edição presta uma homenagem ao arquiteto João Filgueiras Lima, que trabalhou com Niemeyer na construção de Brasília e foi o responsável por desenvolver a tecnologia do pré-moldado, em concreto ou em argamassa. No Rio de Janeiro, essa tecnologia permitiu, nos anos 1980, a construção rápida de escolas como os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e também da Passarela do Samba.

Livro de arte com capa dura, 56 páginas em papel couchê, textos em português, espanhol e inglês, As Igrejas de Oscar Niemeyer tem tiragem limitada, de mil exemplares.

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