Nas listas dos livros mais vendidos nas grandes livrarias, ficções de escritores populares, autoajuda, e, com sorte, biografias, costumam ser os protagonistas dos levantamentos. Nas lojas de livros usados, os chamados sebos, ou na lista feita pelo site que reúne todos os estabelecimentos do segmento no país, o Estante Virtual, filosofia, sociologia e clássicos da literatura brasileira figuram entre os 10 mais. Deixando de lado o estigma de se dedicarem somente às "velharias", os sebos vêm substituindo as antigas livrarias de rua e atendem a uma demanda por vezes ignorada: a de colecionadores e acadêmicos.
Com público segmentado, mas certo, os donos de sebo viram a oportunidade de colocar um preço mais elevado em determinadas edições, esgotadas em livrarias, mas cuja procura continua alta (veja alguns exemplos no quadro ao lado). Não há um critério para definir a política de preços, e o consumidor fica à mercê do bom senso do livreiro, apesar de as lojas terem como vocação vender mais barato. A não ser que sejam verdadeiras relíquias. "Costumo dizer que o valor ideal é o que a pessoa que vem vender um livro no sebo saia satisfeita, que o comprador fique feliz e eu tenha lucro com isso", diz o proprietário do sebo Fígaro, Paulo José da Costa, que tem em sua loja (aberta em 1989) raridades como uma antologia de poemas de Carlos Drummond de Andrade autografada pelo escritor. "Não quero ter livro encalhado na vitrine. Se coloco R$ 70 em um livro mais difícil de encontrar, mas não vendo em um mês, baixo para R$ 50."
No Estante Virtual, portal de compra e venda de livros usados e seminovos, que reúne acervos de diversos sebos do país (são mais de 9 milhões de títulos), a política de preços, segundo o gerente de marketing Daniel Carneiro, é clara: que o livreiro forneça pelo menos 40% de desconto. No caso de edições raras ou esgotadas, o site, que nasceu da necessidade do criador, André Garcia, de encontrar um livro para uma pesquisa acadêmica, pede para que o livreiro especifique o porquê do preço. "Cada vez mais é importante fomentar essa cadeia sustentável, para que as pessoas façam os livros circularem e não os deixem encalhados", diz Carneiro. A compra, de acordo com o gerente, é outro segredo para que o dono do sebo venda por menos: pontas de estoque ou saldos de obras encalhadas em editoras costumam ser as melhores ferramentas.
Atendimento
O vendedor do sebo Kapricho, Messias Gonzaga, há 26 anos na área, acredita que a qualificação do vendedor da loja de usados costuma atrair leitores, sobretudo os iniciados. "Muita gente vem aqui porque em grandes redes, por mais que o livro não esteja esgotado, não se sabe fazer a indicação. Posso não entender de um tema com profundidade, mas sempre indico um autor. O prazer de trabalhar com livro é esse, conseguir resolver o problema de alguém."
Garimpo
Veja alguns exemplos de livros e edições esgotadas difíceis de encontrar e que costumam ter um preço um pouco mais salgado nos sebos:
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